Em operação realizada em Minas Gerais, chamou atenção a reutilização de instrumentos para microagulhamento da pele
Agentes fiscalizaram clínicas de estética no DF e em mais três estados (Foto: Simone Mota)
BRASÍLIA - A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) interditou nesta semana oito clínicas de estética durante operação de fiscalização no Distrito Federal e em três estados. Em Belo Horizonte, três estabelecimentos foram fechados. No total, a operação vistoriou 31 clínicas de serviços de estética e embelezamento.
Os nomes não foram divulgados. As 8 clínicas que tiveram seu funcionamento suspenso até nova decisão estão localizadas:
uma em Goiânia (GO);
uma em Brasília (DF);
três no estado de São Paulo (SP) e
três em Belo Horizonte (MG).
“A interdição ocorre quando são encontradas irregularidades graves que não podem ser sanadas a curto prazo ou de maneira simples”, informou a Anvisa.
Na operação, os agentes inspecionaram cinco estabelecimentos localizados no Distrito Federal (nas cidades de Brasília e Guará), seis em Belo Horizonte (MG), nove em Goiânia (GO), além de 11 estabelecimentos no estado de São Paulo, nas cidades de Osasco, Barueri e na capital paulista.
Segundo a Anvisa, em 30 estabelecimentos "foi encontrado algum nível de irregularidade e será aberto processo administrativo sanitário de apuração e aplicação de penalidades.
De acordo com o balanço da operação, foram detectados diversos problemas relacionados à ausência de boas práticas no funcionamento dos serviços em todos os estados, como: falta de procedimentos e protocolos para a segurança do paciente, ausência de prontuário (o que dificulta a investigação em caso de evento adverso), falta de plano de gerenciamento de resíduos, falhas na limpeza e esterilização de equipamentos e condições inadequadas, como a ausência de pias e dispensadores de álcool para a higiene das mãos.
O trabalho aconteceu após denúncias recebidas de usuários e pelo elevado grau de inserções publicitárias patrocinadas pelas marcas em mídias tradicionais ou em redes sociais, no contexto atual de aumento dos relatos de eventos adversos graves ocorrendo em clínicas de estética ou após procedimentos.
Confira mais detalhes da fiscalização em Minas Gerais:
Em um dos seis estabelecimentos vistoriados em Belo Horizonte, chamou a atenção dos fiscais a reutilização, em diversos pacientes, de instrumentos para microagulhamento da pele. Esses dispositivos perfuram a pele com agulhas, sob a promessa de estimular a produção de colágeno e melhorar a textura da pele.
Durante o processo, geram-se sangue e secreções, o que implica que cada dispositivo deve ser usado uma única vez por paciente, sendo descartado em seguida. A reutilização desses materiais envolve risco de transmissão de infecções e doenças.
Também foram encontrados ponteiras de dermoabrasão e fios de polidioxanona (PDO) para lifting sem regularização no Brasil, tintas para tatuagem e injetáveis vencidos, além de uma grande quantidade de produtos manipulados em nome de funcionários da clínica, rótulos de produtos sem procedência ou composição e até mesmo compostos alimentares injetáveis.
Outros achados incluíram produtos de preenchimento, como ácido hialurônico, já abertos e usados, aguardando novo uso, além de falhas na esterilização dos utensílios, o que também envolve risco de infecção e transmissão de doenças. Também foram encontrados produtos de uso único sendo reprocessados para novo uso, o que é expressamente proibido.
Em um estabelecimento, a Central de Material Esterilizado (CME) era usada também como depósito, reunindo materiais usados e novos, sujos e limpos, sem segregação entre as áreas suja e limpa.
Em alguns estabelecimentos, as questões foram agravadas pela locação de espaços físicos a profissionais autônomos, o que dificulta o gerenciamento de riscos, a aplicação de controles internos e a rastreabilidade dos procedimentos e pacientes atendidos.
Fonte: O Tempo