Agências de viagens apontam que a alta do dólar traz novos contornos para os passeios
Com o dólar acima de R$ 6, é esperado que diversos setores sejam impactados, mesmo que indiretamente. No turismo, esse impacto, segundo fontes do setor, pode ser negativo ou positivo, trazendo novos contornos para os tipos e destinos de viagens. O dólar alto pode, por exemplo, desencorajar as viagens internacionais ou adaptá-las para destinos mais baratos, mas também pode atrair estrangeiros para o país, o que movimenta a economia.
A presidente do conselho da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV Nacional), Ana Carolina, lembra que turismo é formado por uma ampla cadeia produtiva, que envolve turismo de lazer, religioso, emissivo, receptivo, além de outros segmentos indiretamente relacionados, como hotelaria, gastronomia, artesanato, entre outros, que sofrem impactos diretos da variação cambial.
“Olhando a alta da moeda sob a perspectiva do turismo receptivo internacional brasileiro, que recebe os viajantes estrangeiros, essa valorização do dólar traz impactos positivos, porque torna o Brasil um destino atraente, uma vez que aumenta o poder de compra no país”, diz. Em 2024, o país bateu recorde de turistas internacionais com mais de 6,6 milhões de viajantes, segundo o Ministério do Turismo.
Um levantamento do Airbnb aponta, inclusive, dois destinos brasileiros, em uma lista com 25 localidades, que estão em alta para 2025. A plataforma leva em consideração o aumento das buscas por esses locais em comparação com o ano anterior. Em um ranking com destinos como Tóquio (Japão), Vancouver (Canadá) e Cartagena (Colômbia), Brasil figura com Florianópolis e Brasília.
Já do lado da saída de brasileiros para destinos internacionais, o vice-presidente de produtos e RM da CVC, Fábio Mader, aponta que essas viagens ganham novos contornos, não necessariamente negativos. “O passageiro internacional não está cancelando a viagem, ele fica menos dias no destino, muda categoria de hotel, tudo para encaixar no seu orçamento, tanto para Europa quanto para os Estados Unidos. Além disso, troca compras por experiências”, afirma.
A porta-voz da ABAV também aponta movimentos importantes das próprias agências para permitir essas viagens para fora. “O que percebemos é que promoções e estratégias de parcelamento oferecidas por operadoras e agências têm permitido que muitos brasileiros ainda considerem viagens internacionais, especialmente para locais com menor impacto cambial, como alguns países da América Latina”, diz Ana Carolina.
Na CVC, por exemplo, houve maior procura por países na América do Sul, principalmente Chile. Fábio lembra que uma outra alternativa interessante de viagem internacional é o Caribe, com all inclusive. “A viagem é paga em reais, sem variação de câmbio, parcelado em dez vezes sem juros e sem despesa no destino”, comenta. Por lá, as vendas para o Caribe cresceram 28% em dezembro de 2024, em relação a dezembro de 2023.
Turismo interno vai muito bem
De acordo com a pesquisa Tendências de Turismo Verão 2025, divulgada pelo Ministério do Turismo, o setor deve movimentar R$ 148,3 bilhões entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025. Esse valor é baseado em um gasto médio de R$ 2.514 por pessoa, e representa um aumento de 34% em comparação ao verão anterior, quando a média foi de R$ 1.877. O levantamento também aponta que 59 milhões de brasileiros pretendem viajar a lazer nesta temporada.
Para a ABAV, esses números mostram que o turismo interno está superando as expectativas de crescimento do setor. A associação cita a alta do dólar como coadjuvante nesse aumento. “A tendência é que esse movimento de procura por destinos nacionais continue não só pela variação da moeda norte-americana, mas também como resultado de investimentos do poder público e de iniciativas privadas em infraestrutura e divulgação dos atrativos turísticos do Brasil”, afirma Ana Carolina.
Na CVC também houve aumento na procura por destinos nacionais. A demanda em dezembro cresceu 34% em relação ao mesmo período do ano passado. “Os preços (internos) não subiram, visto que a oferta de assentos nos voos deve crescer cerca de 10% esse ano”, diz Fábio. No Brasil, os destinos mais procurados na CVC são: Alagoas, Rio Grande do Norte, Porto Seguro (BA), Fortaleza (Ceará), João Pessoa (Paraíba), Rio de Janeiro e Gramado (Rio Grande do Sul).
Destinos mais procurados no verão
Uma pesquisa da Booking.com aponta que um em cada três viajantes brasileiros deve gastar mais de R$ 8 mil com passagem e acomodação nas férias de verão. E os destinos mais procurados na plataforma de viagens são:
Fonte: O Tempo.