As férias escolares costumam ser aguardadas com entusiasmo pelas crianças. São também uma oportunidade para que os pais, avós, tios e outros cuidadores passem mais tempo com seus filhos, netos, sobrinhos… Uma oportunidade que não deixa de representar um desafio. Afinal, como entreter os pequenos nesse período longe da escola? “Inventando”, responde, de pronto, o biomédico Rafael Dias, 35, pai de Henrique, de 3 anos, e Melissa, de 6. “Vale inventar brincadeira, cozinhar juntos, fazer bolo, biscoito, brincar com massinha, fazer acampamento na sala… O que vier na cabeça, a gente faz”, garante.
Dias passeava na praça da Assembleia, um tradicional destino para famílias com crianças por contar com infraestrutura com foco na infância, quando falou com a reportagem de O TEMPO, que colheu mais dicas com outros pais que também passavam a tarde de segunda-feira (6) no lugar.
O advogado Thiago Flávio Bernardes, 39, por exemplo, reconhece viver, nessa época, um misto de sentimentos: de um lado, a alegria de estar com as crianças, do outro, a necessidade de se desdobrar para dar conta de acompanhar seu filho, Miguel, de 10 anos, e ainda dar assistência para a mais velha, de 19. “Ele está de férias e eu não, então é complicado conciliar, mas é possível”, situa. “Eu gosto de vê-lo brincar, gosto de acompanhá-lo, de trazer ele na praça para extravasar e, em casa, a gente vê algum filme, faz pipoca…”, relata.
Pai da Olívia, 6, o professor universitário Antônio Carlos Andrade, 45, reconhece: haja energia para dar conta da maratona de férias. Por isso, criar estratégias ajuda. “A gente tem procurado muito as praças, os parques e, às vezes, muito raramente, vamos a um shopping”, conta, argumentando que, nos espaços públicos e abertos, as crianças têm mais possibilidade de sociabilidade. “Ela encontra amiguinhos, faz novas amizades”, cita. Na sua lista de preferências estão as praças Santa Tereza e a Floriano Peixoto, na região Leste da cidade, a praça da Assembleia, na região Centro-Sul.
O produtor de eventos Frederico Brandão, 43, pai da Maria, 9, faz coro à preferência por lugares abertos. “Férias é complicado. As crianças ficam em casa e a gente precisa procurar algum atrativo. Na nossa casa, funciona muito ir em praças, parques, museus. Shopping vamos mais só para curtir um cinema, que gostamos muito. Estamos inclusive combinando de ir ao zoológico e ao Parque das Mangabeiras nos próximos dias”, comenta, garantindo haver muita opção do que fazer nas férias escolares em BH. “É só pesquisar direitinho que encontramos boas opções”, sugere.
Pai da dupla Beatriz, 8, e João Paulo, 13, o engenheiro ambiental Bernardo Carbonari, 41, também é do time da recreação fora de casa. “No apartamento, fechado, não dá para ficar. Então, vamos para praças e outros espaços com infraestrutura adequada, como cinemas e teatros. Agora, por exemplo, começou a Campanha de Popularização do Teatro e com certeza a gente vai, como fazemos todo ano”, lembra, fazendo menção à mostra que apresenta uma série de espetáculos de teatro e dança a preços populares e, neste ano, se estende até o dia 16 de fevereiro.
Evitando as telas
A maioria dos pais ouvidos pela reportagem, além de privilegiar os passeios em ambientes abertos, que possibilitam a interação de seus filhos com outras crianças, também diz ter regras para uso de telas em casa. “É o mínimo possível de celular e o máximo possível de jogos interativos, jogos da época de nossos pais, que ajudam no desenvolvimento e sociabilidade”, resume Bernardo Carbonari.
Já na casa de Antônio Carlos Andrade, jogo em tela não pode, mas, a desenhos animados, Olívia pode assistir um pouquinho. E, para evitar a solução fácil, a família se vale da criatividade. “Hoje, por exemplo, montamos uma barraca de acampamento em casa. A gente também joga tabuleiro, faz desenhos, pinturas… E, na hora que cansa um pouquinho, a gente vai para a rua procurar amiguinhos”, garante o pai.
Rafael Dias, por sua vez, instituiu regras ainda mais específicas: “Até pouco tempo, a gente não tinha tela em casa. E, mesmo agora, que temos, só deixamos ficar de 30 a 40 minutos por dia”, expõe, acrescentando que Henrique e Melissa, mesmo nas férias, são estimulados a manter a rotina, ainda que de forma mais relaxada, para evitar que, no retorno às aulas, o choque seja muito grande.
Apesar dos esforços, porém, às vezes não tem jeito. É o que reconhece o bombeiro militar Leonardo Cabral, 38, pai de Marcelo, 7, e Marina, 2. “Nós tentamos evitar telas, mas, às vezes precisamos usar esses mecanismos mais tecnológicos, até para nós, pais, termos um respiro”, admite. O advogado Thiago Bernardes, no mesmo sentido, também permite que Miguel use um smartphone para jogar – mas tudo é monitorado e o tempo de tela é limitado, garante.
Outras saídas
Além desse mosaico de opções de entretenimento que O TEMPO ouviu de quem vive, na prática, o desafio de ocupar o tempo das crianças no período das férias escolares, há ainda outras muitas alternativas que podem ser experimentadas, como aponta Ana Maria Menezes, gerente de formação da International School.
“As férias são um momento perfeito para relaxar, mas também oferecem oportunidades incríveis para as crianças continuarem aprendendo de maneira leve e divertida. O conceito de Edutainment – que une educação e entretenimento – é uma excelente maneira de manter a mente ativa enquanto se diverte, e incentivar a explorar o mundo de forma lúdica e enriquecedora,” examina.
Confira outras dicas da especialista para incentivar atividades educativas em casa:
1. Diário de férias, registros e histórias
Atividades como a criação de diários de férias ou o registro de experiências em vlogs desenvolvem a criatividade e a capacidade narrativa, além de estimular a escrita e habilidades tecnológicas. Invista em momentos de contação de histórias em família ou na produção de quadrinhos que despertem a imaginação e promovam conexões afetivas.
2. Jogos educativos
Xadrez, jogos de tabuleiro, maratona de perguntas e respostas, quebra-cabeças e até uma caça ao tesouro temático, podem transformar momentos de lazer em uma oportunidade para aprender sobre estratégia, raciocínio lógico e curiosidades gerais.
3. Experimentos científicos e tecnológicos
Já os experimentos científicos e tecnológicos, como criar vulcões de bicarbonato ou explorar conceitos de robótica básica, são uma forma de aguçar a curiosidade e incentivar o interesse por ciências e tecnologia desde cedo.
4. Faça você mesmo
Para quem gosta de atividades manuais, realizar momentos de colocar a mão na massa e fazer coisas do zero é uma maneira de engajar as crianças e adolescentes e desenvolvê-los no entendimento de que se tem começo, meio e fim, consciência de processos, além de estimular a criatividade e coordenação motora, promovendo as habilidades manuais. Oficina com materiais recicláveis, hortas ou sessões de culinária em família são formas divertidas de desenvolver habilidades práticas e explorar conceitos de sustentabilidade e ciência de forma concreta.
5. Conteúdos educativos
Não podemos esquecer o poder dos conteúdos educativos – documentários, livros interativos e aplicativos gamificados são ferramentas valiosas para ampliar o conhecimento.
6. Passeios e viagens
Visite feiras, parques e eventos culturais na sua cidade para aprender sobre história, arte e cultura de forma prática e divertida. Além disso, muitos museus oferecem tours virtuais gratuitos.
7. Exploração de música e ritmo
Incentive o uso de instrumentos musicais ou aplicativos para criar músicas, ensinando conceitos de ritmo e criatividade. Com tantas opções, as férias podem ser não apenas divertidas, mas também um período de descobertas e aprendizados inesquecíveis para toda a família.
Fonte: O Tempo