Empresa que fabrica produto teve a produção interditada por decisão do governo federal
Propriedades afetadas registraram mortes apenas entre animais que consumiram as rações da fabricante (Foto/Pixabay / reprodução)
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou que investiga um caso inédito de contaminação em ração animal que já provocou a morte de ao menos 245 cavalos nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas. A suspeita recai sobre produtos fabricados pela empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda, que teve a produção interditada parcialmente por decisão do governo federal. A fabricante alega que sempre agiu com responsabilidade e cautela.
Segundo nota do Mapa, todas as propriedades afetadas registraram mortes apenas entre animais que consumiram as rações da Nutratta. Cavalos que não ingeriram o produto, ainda que alojados nos mesmos ambientes, permaneceram saudáveis.
Amostras analisadas pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária identificaram a presença de alcaloides pirrolizidínicos – substâncias tóxicas, entre elas a monocrotalina – com efeitos neurológicos e hepáticos severos em equinos. "Esse é um caso único. Nunca, em toda a história do ministério, havíamos identificado a presença dessa substância em ração para equinos. É a primeira vez que isso acontece", afirmou o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, na nota.
Controle teria sido falho
A origem da contaminação, segundo o ministério, está relacionada a falhas no controle da matéria-prima utilizada pela empresa, que apresentava resíduos de plantas do gênero "Crotalaria", conhecidas por gerar a substância tóxica.
Diante das irregularidades, o Mapa instaurou processo administrativo fiscalizatório, lavrou auto de infração e suspendeu a fabricação e comercialização de rações para equídeos. Posteriormente, a proibição foi ampliada para rações destinadas a todas as espécies animais.
Apesar da interdição, a Nutratta obteve decisão judicial autorizando a retomada parcial da produção, medida que o Mapa contesta. O ministério já recorreu da decisão, alegando novas evidências técnicas que demonstram os riscos à saúde animal e justificam a manutenção das medidas cautelares. "Estamos acompanhando de perto. Precisamos garantir que todo o lote contaminado seja recolhido e que nenhum novo caso aconteça", destacou Goulart.
O que a empresa diz
Em comunicado divulgado em 17 de junho deste ano, nas redes sociais da empresa, a Nutratta afirmou que, desde os primeiros sinais de anormalidade, agiu com responsabilidade, cautela e colaborou com os órgãos competentes.
O texto diz ainda que até aquele momento não havia evidências de contaminação ou falhas nos produtos destinados aos bovinos.
Fonte/ O Tempo