Servidoras denunciam assédio moral e sexual na instituição (Foto/Ilustrativa)
As denúncias de assédio na Polícia Civil de Minas Gerais chegaram ao governo federal. Em reunião realizada na tarde desta quinta-feira (3 de agosto), o secretário do Ministério da Justiça Marivaldo Pereira ouviu os relatos do que estaria ocorrendo na instituição.
A morte da escrivã Rafaela Drumond, de 32 anos, fez com que mais denúncias de assédio na Polícia Civil viessem à tona, segundo a advogada e especialista em direito das famílias e das mulheres, Raquel Fernandes, e foi justamente isso que motivou o encontro.
“Muitas denúncias começaram a chegar após o óbito da Rafaela. São casos de assédio moral e sexual dentro da Polícia Civil de Minas Gerais praticados tanto contra mulheres, quanto homens. Tivemos que procurar o âmbito federal pois não estamos tendo apoio do governo do Estado. Não dá para conviver num Estado onde os servidores são ameaçados e não têm paz para trabalhar e nem sanidade mental”, disse.
Durante o encontro, que aconteceu de forma virtual, a ex-perita criminal Tatiane Albergaria relatou o assédio que alega ter sofrido e se emocionou. “Na Polícia Civil, o assédio é institucionalizado. Acabei sendo aposentada em decorrência de doenças que tive por causa de tudo que passei”, relatou.
Pereira ressaltou a importância de que outras pessoas que tiverem passado por situações semelhantes procurem as autoridades e façam a denúncia. “O caso da Rafaela repercutiu no país inteiro. O caminho para mudar [o quadro] é fazer com que tenha repercussão. Parabenizo pela resistência e luta. Vamos mudar este cenário”, afirmou. O Ministério Público do Trabalho (MPT) será procurado para que analise a possibilidade de atuação no caso.
A advogada Raquel fez uma análise ao término da reunião. “Achei muito positiva. As pessoas que estão sofrendo assédio podem nos procurar. Garantimos o sigilo, pois sabemos o risco, mas é importante que elas apareçam. Estamos recebendo o respaldo de pessoas sérias”.
Tatiane também encorajou outros servidores. “Tenham coragem, pois estamos nos unindo e, agora, chegamos ao âmbito federal. A minha maior tristeza neste momento é ver que a pessoa que me assediou segue trabalhando como se nada tivesse acontecido, mesmo assim não podemos desistir. Vamos continuar lutando”, desabafou.
A reportagem procurou o governo de Minas e aguarda o posicionamento a respeito da falta de apoio alegada pelas entrevistadas. O texto será atualizado quando o retorno for recebido.
Fonte: O Tempo