No documento, o BC ressaltou que o ambiente externo se mantém incerto, também indicando um desafio à política monetária
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) informou que não descarta a manutenção da Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, a 15% por um período mais prolongado. Em ata publicada nesta terça-feira (11/11) para explicar a decisão da semana passada, que manteve o índice inalterado pela terceira vez consecutiva, o colegiado citou adversidades que podem impedir o início da redução dos juros no país.
No documento, o BC ressaltou que o ambiente externo se mantém incerto, em função de instabilidades política e econômica nos Estados Unidos que geram reflexos em todo o mundo. Além do tarifaço, que tem alterado as relações comerciais entre países, os norte-americanos enfrentam uma paralisação extensa de serviços públicos federais, o chamado ‘shoutdown.’
Já no Brasil, a autoridade monetária citou que há um arrefecimento da inflação, mas ainda acima da meta. “As expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus permanecem em valores acima da meta, situando-se em 4,5% e 4,2%, respectivamente”, diz a ata. Ainda segundo o BC, chama a atenção principalmente o encarecimento sobre serviços.
“Enfatizou-se que os vetores inflacionários seguem adversos, como resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, expectativas de inflação desancoradas e projeções de inflação elevadas. Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta”, indicou o BC.
Na ata, o BC ainda ressaltou a necessidade de alinhamento entre a política fiscal, do governo, e a política monetária. “O Comitê manteve a firme convicção de que as políticas devem ser previsíveis, críveis e anticíclicas. Em particular, o debate do Comitê evidenciou, novamente, a necessidade de políticas fiscal e monetária harmoniosas”. Ao sinalizar que o início de um corte na Selic está atrelado à melhora nos índices inflacionários.
“Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta”, reiterou.
Inflação cai em outubro
A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desacelerou a 0,09% em outubro, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira. A variação de 0,09% é a menor para meses de outubro desde 1998, quando o índice foi de 0,02%. Com os novos dados, o IPCA desacelerou para 4,68% no acumulado de 12 meses.
A alta era de 5,17% na divulgação anterior. O acumulado segue acima do teto de 4,5% da meta de inflação perseguida pelo BC.
Fonte: O Tempo.