Magistrados acreditavam ter alugado apartamentos no Condomínio Brisas do Lago, no Setor de Clubes Esportivos Sul, área nobre da capital, à margem do Lago Paranoá (Foto/Reprodução/Facebook)
Ao menos 23 juízes recém-empossados no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Distrito Federal foram vítimas de um golpe que envolvia aluguel de imóveis de luxo na capital do país. A Polícia Civil fez uma operação na manhã desta quinta-feira (5) para apreender documentos e valores dos suspeitos de comandar o esquema criminoso.
Os magistrados, que se mudaram para Brasília para fazer o curso de formação, pagaram para morar em apartamentos de alto padrão oferecidos a preços abaixo do mercado. Ao chegarem na capital, descobriram que os imóveis já estavam ocupados por outras pessoas. O suposto corretor alegou ter sido vítima de estelionato, prometeu reembolsar os valores e sumiu.
Um dos investigados é Victor Rodrigues de Menezes, segundo as vítimas, ele se apresentava como corretor de imóveis e sócio da VM Inteligência Imobiliária. Mas os investigadores apuraram que ele não tem licença de corretor e que tal empresa servia apenas como fachada para o golpe. Além dos juízes, outras pessoas podem ter sido vítimas.
Contrato por meio meio eletrônico e pagamento via Pix
Os magistrados contaram em depoimentos à Polícia Civil que Victor atraía as vítimas por meio de sites de locação ou em indicações de grupos de WhatsApp. Ele oferecia imóveis de alto padrão no Condomínio Brisas do Lago, no Setor de Clubes Esportivos Sul, área nobre da capital, à margem do Lago Paranoá e com estrutura de lazer como a de um clube.
Os contratos eram atrativos e com valor abaixo do mercado brasiliense. O aluguel dos apartamentos variava entre R$ 4,7 mil e R$ 5,5 mil. Para dar uma aparência de legitimidade, Victor assinava os contratos de forma eletrônica e encaminhava os documentos aos compradores, usando um CNPJ válido.
Para fechar o contrato de locação, as vítimas precisavam apresentar uma série de documentos aos golpistas: RG, CPF, comprovante de residência, e, em alguns casos, fotos pessoais. Com o contrato assinado, os locatários precisavam fazer o pagamento antecipado via Pix.
Mas, ao chegarem em Brasília com a mudança e se dirigirem ao condomínio onde acreditavam que morariam, as vítimas se depararam com pessoas já morando no imóvel. Alguns magistrados, ao procurarem a administração do condomínio, souberam que os apartamentos nunca foram administrados por uma pessoa chamada Victor.
Já Victor criava perfis falsos, usava aplicativos criptografados para comunicação e trocava constantemente informações pessoais e bancárias, para tentar escapar de rastreamento das vítimas e de investigadores.
Justiça manda bloquear contas bancárias dos investigados
A 5ª Delegacia de Polícia (área central de Brasília) começou a receber queixas de magistrados do TRT contra Victor e a VM Inteligência Imobiliária em agosto de 2023. Na manhã desta quinta-feira, agentes da unidade cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Victor e um suposto comparsa, além da VM Inteligência Imobiliária.
A Justiça determinou o bloqueio de R$ 266 mil das contas bancárias dos acusados para garantir o ressarcimento das vítimas. A Polícia Civil acredita que, com a divulgação da operação, eventuais novas vítimas do golpe apareçam para registrar ocorrência.
Os suspeitos vão responder por estelionato e lavagem de dinheiro. Se condenados, podem pegar mais de 20 anos de prisão.
A equipe de O TEMPO não havia conseguido contato com advogados de Victor e da VM Inteligência Imobiliária até a mais recente atualização deste conteúdo. O espaço segue aberto para defesa.
Fonte: O Tempo