MP identifica produção de leite com soda cáustica, água oxigenada e pelos

O Ministério Público (MP) deflagrou nesta quarta-feira (11) uma nova etapa da Operação Leite Compensado, que investiga adulteração de produtos lácteos. A 13ª fase da operação teve como alvo a fábrica da Dielat, localizada no município de Taquara, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Segundo o MP, os produtos da empresa possuem ampla distribuição no Brasil e são exportados para a Venezuela.

Entre as marcas comercializadas no Brasil estão Mega Lac, Mega Milk, Tentação e Cootall, enquanto no mercado venezuelano os produtos são vendidos sob o nome de Tigo. A Dielat também já venceu licitações para fornecer laticínios a escolas e órgãos públicos.

Prisões e mandados cumpridos

Na ação, foram presas quatro pessoas: Antonio Ricardo Colombo Sader, sócio-proprietário da Dielat; Tales Bardo Laurindo, diretor da empresa; Gustavo Lauck, supervisor; e Sérgio Alberto Seewald, engenheiro químico. Este último, conhecido como “alquimista” ou “mago do leite”, é apontado como figura central em fraudes identificadas em fases anteriores da operação. Além das prisões preventivas, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão em cidades do Rio Grande do Sul (Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé) e na capital de São Paulo.

Produtos adulterados e risco à saúde

Conforme o MP, as investigações indicam que produtos como leite UHT, leite em pó e compostos lácteos eram adulterados com substâncias químicas perigosas, como soda cáustica e água oxigenada. Essas substâncias eram usadas para reprocessar produtos vencidos e recuperar itens deteriorados, ajustando o pH e mascarando a acidez. Segundo o promotor Mauro Rockenbach, tais práticas representam graves riscos à saúde, incluindo potencial carcinogênico. “As fórmulas fraudulentas têm se tornado mais sofisticadas, dificultando a detecção inicial durante as fiscalizações”, alertou o promotor.

Histórico de irregularidades

Entre as cidades gaúchas que receberam leite fornecido pela Dielat para merenda escolar estão Alvorada (2023), Canela (2020), Gravataí (2020), Ivoti (2019), Porto Alegre (2023), Taquara (2022) e Viamão (2019).

Já o engenheiro químico Sérgio Seewald é reincidente em casos de fraude. Ele foi investigado em 2014, na quinta fase da Operação Leite Compensado, por práticas semelhantes em uma indústria de laticínios no Vale do Taquari. Embora tenha sido absolvido em 2005 por uma condenação similar, ele permanece sob medida cautelar aguardando a utilização de tornozeleira eletrônica.