Um homem paquistanês atirou e matou sua filha de 16 anos após ela se recusar a excluir sua conta no TikTok, conforme informou a polícia nesta sexta-feira. Em um país de maioria muçulmana, casos de violência contra mulheres por parte de familiares são comuns, especialmente quando elas desrespeitam normas sociais rígidas sobre comportamento, inclusive no ambiente digital. "O pai da jovem pediu que ela encerrasse sua conta no TikTok, e ao receber uma negativa, cometeu o homicídio", afirmou um porta-voz policial. O crime foi registrado como um assassinato por "questões de honra".
Ainda segundo as autoridades, a família inicialmente tentou simular que a jovem havia tirado a própria vida. O crime ocorreu na última terça-feira na cidade de Rawalpindi.
O TikTok tem grande popularidade no Paquistão, principalmente por ser acessível a uma população com baixos índices de alfabetização. Muitas mulheres utilizam a plataforma para alcançar visibilidade e gerar renda — um feito notável em um país onde menos de um quarto das mulheres participa do mercado formal de trabalho. No entanto, apenas 30% das mulheres paquistanesas têm acesso a smartphones, em contraste com 58% dos homens — a maior disparidade de gênero no uso de celulares em todo o mundo, conforme aponta o Mobile Gender Gap Report de 2025.
As autoridades de telecomunicações do país frequentemente bloqueiam ou ameaçam bloquear o aplicativo, alegando que promove "comportamentos imorais".
No sudoeste do país, na província do Baluchistão, onde normas tribais ainda predominam em áreas rurais, um homem confessou ter incentivado o assassinato de sua filha de 14 anos no início do ano. O motivo: vídeos publicados por ela no TikTok, considerados por ele uma mancha em sua "honra".