Ministério acredita que casos estejam ligados ao consumo de alimento produzido pela Nutratta Nutrição Animal
Desde o primeiro comunicado, segundo o ministério, a Fiscalização Federal Agropecuária passou a conduzir investigações nos estabelecimentos onde foram registrados casos de adoecimento e morte de equinos (Foto/Divulgação)
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou a morte de 222 cavalos em diversos estados brasileiros, com suspeita de ligação ao consumo de rações produzidas pela empresa Nutratta Nutrição Animal. A fabricante, procurada pela reportagem, não respondeu aos questionamentos até a publicação desta matéria.
Em nota divulgada nas redes sociais em 17 de junho, a Nutratta afirmou ter agido com “responsabilidade e cautela” desde os primeiros sinais de irregularidades, colaborando com os órgãos competentes. A empresa declarou ainda que não foram identificadas falhas ou contaminações nos produtos destinados a bovinos. Entretanto, a fábrica responsável pela produção da linha voltada a equinos foi interditada pelo Mapa, e amostras das rações estão sendo analisadas.
“Acreditamos na busca da verdade e optamos por não emitir alertas infundados ou orientações precipitadas diante de um cenário inédito e sensível”, disse a empresa em comunicado.
O Mapa informou que, após o primeiro alerta, a Fiscalização Federal Agropecuária iniciou investigações nos locais onde houve adoecimento e morte de cavalos. De acordo com o órgão, os casos analisados até o momento estão associados ao consumo das rações fabricadas pela Nutratta.
As mortes suspeitas somam, além das 222 já contabilizadas, outros 195 casos em análise, distribuídos por vários estados: 40 no sudoeste da Bahia, 70 em Goiânia (GO), 34 em Jarinu (SP), 10 em Santo Antônio do Pinhal (SP), 18 em Uberlândia (MG), 8 em Guaranésia (MG), 8 em Jequeri (MG) e 7 em Mariana (MG).
Apesar do avanço nas investigações, a ausência de denúncias formais por meio da ouvidoria oficial do ministério tem dificultado o andamento dos trabalhos. Outro obstáculo apontado pelas autoridades é a manifestação tardia dos sintomas nos animais, que muitas vezes ocorre dias após a suspensão do uso da ração.
Segundo o ministério, os cavalos apresentaram, em sua maioria, sintomas de insuficiência hepática, com rápida piora do quadro clínico, o que tem tornado difícil a estimativa real do número de mortes.
Após a primeira denúncia, o Mapa realizou duas fiscalizações na sede da Nutratta, onde foram encontradas irregularidades que levaram à suspensão cautelar da produção de todas as rações da empresa. A fabricante recorreu à Justiça com um mandado de segurança contra as medidas adotadas, mas o ministério já apresentou defesa e aguarda a decisão judicial.
Além da suspensão da produção, o Mapa também determinou a paralisação da comercialização de todos os produtos da Nutratta. As restrições foram ampliadas progressivamente à medida que surgiram novas evidências da possível relação entre os produtos e as mortes dos equinos.
O ministério reforça que qualquer informação relevante sobre o caso deve ser encaminhada por meio da ouvidoria oficial.