CRIMINALIDADE

Transporte de cargas perdeu mais de R$ 1 bilhão em mercadorias roubadas em 2024

A região Sudeste foi a que mais registrou atuação de criminosos, concentrando 87% dos boletins de ocorrência, e 83% do valor roubado em mercadorias

O Tempo
Publicado em 24/02/2025 às 17:31
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Transporte de cargas é mais impactado pelos criminosos na região Sudeste (Foto/Anderson Coelho/AFP)

Transporte de cargas é mais impactado pelos criminosos na região Sudeste (Foto/Anderson Coelho/AFP)

O transporte rodoviário de cargas perdeu, em 2024, mais de R$ 1 bilhão em mercadorias roubadas em 2024. O balanço foi apresentado nesta segunda-feira (24), pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística). Balanço da entidade contabilizou que, ao todo, a ação de criminosos somou um prejuízo de R$ 1,217 bilhão, 21% a mais que o observado em 2023. 

O balanço indica que no ano passado, apesar do aumento nos valores subtraídos em produtos, houve queda de 11% nas ocorrências. Foram 10.478 casos de roubos em todo o Brasil. A região Sudeste foi a que mais registrou atuação de criminosos, concentrando 87% dos boletins de ocorrência, e 83% do valor roubado em mercadorias.

De acordo com a NTC, os dados evidenciam que os criminosos estão cada vez mais estratégicos e focando em cargas de alto valor, como medicamentos, eletrônicos e insumos industriais. O presidente da NTC&Logística, Eduardo Rebuzzi, destacou que o roubo de cargas vai além de um problema setorial, representando uma ameaça à economia nacional e um canal de financiamento do crime organizado. 

“As empresas do setor de Transporte Rodoviário de Cargas já gastam, preventivamente, cerca de 14% da receita, investindo em rastreamento, escoltas armadas, blindagem de veículos, inteligência artificial e seguros. Mas isso não basta. Precisamos de uma ação coordenada entre todas as forças policiais e do endurecimento das leis para responsabilizar tanto os criminosos quanto os receptadores”, ressaltou Rebuzzi.
 
Conforme a NTC, a criminalidade no setor evoluiu, e os impactos vão além dos prejuízos financeiros. Além de elevar os custos operacionais, as restrições a horários, rotas e limite de valor das cargas transportadas comprometem a produtividade e tornam algumas operações inviáveis.

Segundo a entidade, o trauma gerado a motoristas e ajudantes, que muitas vezes são vítimas de violência física e psicológica, tem levado profissionais a evitarem determinadas regiões, resultando até mesmo em um déficit preocupante de motoristas no setor.

“Não se trata apenas de um crime contra as empresas, mas contra toda a sociedade. Enquanto criminosos lucram com o comércio ilegal de mercadorias roubadas, os preços sobem para o consumidor, e a economia formal perde arrecadação de tributos”, alertou Roberto Mira, vice-presidente de Segurança da NTC&Logística.
 
Diante do cenário, a NTC&Logística afirmou que vê como alternativas, para combater o problema, uma coordenação federal dos dados e do planejamento para garantir a integração das Polícias Militar, Civil, Federal e Rodoviária Federal. “A entidade defende ainda a implantação de Unidades de Segurança Especializadas, patrulhamento ostensivo nas principais rodovias e vias urbanas, maior rigor nas investigações sobre receptadores e ampliação das penas para esses criminosos, com a possibilidade de suspensão de CNPJ de empresas envolvidas no comércio de cargas roubadas”, destacou. 

Além disso, segundo a NTC, medidas tecnológicas como reconhecimento facial, monitoramento de veículos suspeitos e sistemas preditivos podem ajudar na identificação e repressão dessas práticas criminosas que, conforme a organização, gera impactos a toda cadeia logística e econômica do Brasil, comprometendo a competitividade das empresas,  segurança dos profissionais do setor e o abastecimento de diversos produtos. 

“Não podemos permitir que esse crime continue avançando e se modernizando enquanto as respostas das autoridades são lentas. O Transporte Rodoviário de Cargas é uma atividade essencial para o país, e sua segurança precisa ser tratada como prioridade”, finalizou o presidente da NTC, Eduardo Rebuzzi.

Fonte: O Tempo.

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