Vídeos mostram policiais abordando grupo durante encontro íntimo em ponto turístico do Rio.; corporação investiga caso de possível extorsão
Pedras da praia do Arpoador (Foto/Pixabay)
Um turista de 26 anos denunciou ter sido vítima de extorsão por policiais militares após participar de um encontro sexual coletivo na Pedra do Arpoador, no Rio de Janeiro. O episódio ocorreu por volta das 20h de um domingo no início de maio, durante o fim de semana do show de Lady Gaga em Copacabana. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a abordagem policial ao grupo.
As imagens registram um PM uniformizado abordando aproximadamente sete homens que participavam do encontro íntimo nas pedras. O agente aparece usando lanterna e portando arma, revelando vários rapazes quando ilumina o local - um deles completamente nu, enquanto outros estavam seminus ou vestidos.
A gravação mostra o momento em que um dos jovens mexe em sua carteira enquanto o PM segura um celular. Em seguida, outro participante realiza uma transferência via Pix e exibe a tela do aparelho com o comprovante da transação. A pessoa que registra o vídeo narra: "É para isso que eles descem... Ó, mostrando o comprovante do Pix, contando dinheiro para pagar... Eles só botam medo para ganhar dinheiro".
O turista, que não quis se identificar, relatou ao UOL ter pago R$ 50,00 para evitar ser detido. "A gente estava lá se divertindo quando ele [o agente] chegou e mandou todo mundo se reunir. Depois ele pediu dinheiro para a gente não ser preso", contou o jovem, que disse ter se sentido "humilhado" com a situação.
O incidente aconteceu em um dos pontos turísticos mais conhecidos da zona sul carioca, localizado entre as praias de Ipanema e Copacabana. Dois policiais militares participaram da abordagem, embora apenas um apareça nas imagens divulgadas.
Casos seriam recorrentes
Relatos indicam que a extorsão por parte de PMs em flagrantes de atos sexuais em locais públicos seria uma "prática comum" no Rio. Um frequentador do Aterro do Flamengo, outro local conhecido para encontros ao ar livre, afirmou: "O policial perguntou se tinha dinheiro, dei o que tinha na hora e ainda levei advertência." Outro depoimento revela: "Isso é tão normal. Meu amigo e o peguete dele foram levados até um caixa 24h para sacar dinheiro."
Em janeiro de 2025, dezenas de pessoas foram filmadas participando de um "surubão" também no Arpoador. A Polícia Civil do Rio investigou o caso, mas enfrentou dificuldades na identificação dos envolvidos por serem majoritariamente turistas de outros estados ou países. Não há dados sobre quantas pessoas já foram detidas ou multadas por essa prática na cidade.
O Arpoador é um dos locais conhecidos como "points de pegação" na cidade, onde pessoas se encontram para práticas sexuais ao ar livre. Além dele, o Aterro do Flamengo, o parque Garota de Ipanema e a floresta da Tijuca também são identificados como locais frequentes para atos semelhantes.
'Surubão' é considerado crime
Praticar ato libidinoso em local público é crime com pena de três meses a um ano de reclusão ou multa, segundo o artigo 233 do Código Penal. A cobrança de propina por agentes públicos configura corrupção passiva, conforme o artigo 317 do Código Penal, com pena de dois a 12 anos de reclusão e multa.
Blogs especializados "mapeiam" os melhores horários para frequentar esses espaços e oferecem dicas de segurança para evitar prisões ou roubos. No Reddit, há diversos posts com recomendações para quem busca uma "aventura proibida", segundo fontes da internet. A prática não se restringe ao público gay, pois casais heterossexuais também buscam espaços públicos para relações sexuais, atividade conhecida como dogging.
Fonte: O Tempo