Especialista explica riscos da automedicação e dá orientações para evitar intoxicação em pets
Um simples comprimido esquecido sobre a mesa pode representar risco grave para cães e gatos (Foto/Divulgação)
Um simples comprimido esquecido sobre a mesa pode representar risco grave para cães e gatos. Veterinários alertam que a automedicação ou a exposição acidental de animais a medicamentos desenvolvidos para humanos pode provocar intoxicações severas e até levar à morte.
Entre os principais vilões estão analgésicos e anti-inflamatórios de uso comum, como paracetamol, ibuprofeno, diclofenaco e aspirina. “Basta uma dose considerada segura para um adulto humano para provocar necrose hepática grave em gatos, que são extremamente sensíveis ao paracetamol”, explica a médica-veterinária Farah de Andrade.
Antidepressivos, antibióticos e até vitaminas oferecem riscos
Outros medicamentos de uso humano, como antidepressivos, ansiolíticos e antibióticos, também exigem prescrição específica para animais. Quando administrados sem orientação, podem desencadear reações como convulsões, arritmias, alterações neurológicas e falência de órgãos.
Até mesmo suplementos e vitaminas considerados “inofensivos” para humanos podem ser tóxicos para pets. A vitamina D em excesso, por exemplo, pode causar calcificação de órgãos e insuficiência renal aguda. O xilitol, adoçante presente em suplementos mastigáveis, pode provocar queda brusca de glicose no sangue de cães, levando a convulsões e até óbito.
Exposição não é só pela ingestão
O perigo não se restringe ao consumo acidental. Medicamentos de uso tópico, como minoxidil e hormônios em gel, podem ser absorvidos pela pele dos animais ou ingeridos por lambedura, causando efeitos graves como taquicardia, hipotensão e distúrbios hormonais.
Primeira atitude deve ser procurar o veterinário
Segundo pesquisa Radar Pet 2023, 19% dos tutores ainda recorrem à automedicação, o que aumenta os riscos de intoxicação. “Mesmo quando o princípio ativo é o mesmo usado em humanos, a dose e a forma de administração para animais são completamente diferentes. Utilizar medicamentos sem orientação é um risco que nenhum tutor deveria correr”, reforça Farah.
A recomendação é clara: qualquer alteração no comportamento ou na saúde do pet deve ser avaliada por um médico-veterinário. Apenas o profissional pode indicar o tratamento seguro, na dose correta e no formato adequado.
Paracetamol → causa necrose hepática grave, especialmente em gatos
Ibuprofeno, diclofenaco e aspirina → provocam lesões gastrointestinais, renais e hepáticas
Antidepressivos e ansiolíticos (fluoxetina, sertralina, diazepam, clonazepam) → podem causar convulsões, arritmias e até coma
Antibióticos de uso humano (amoxicilina com clavulanato, ciprofloxacina) → exigem dose e prescrição específicas; risco de intoxicação se usados sem controle
Vitaminas em excesso (A e D) → podem gerar alterações ósseas, insuficiência renal e até morte
Suplementos com ferro e zinco → provocam vômitos, diarreia e lesões gastrointestinais
Xilitol (adoçante comum em suplementos humanos) → queda brusca de glicose em cães, podendo levar a convulsões e óbito
Minoxidil e hormônios tópicos → absorção acidental pela pele ou lambedura pode causar distúrbios cardíacos e hormonais
Atenção: nunca medique seu pet por conta própria. Em caso de ingestão acidental, procure atendimento veterinário imediatamente.