Costumam dizer que recordar é viver. Por isso é que tento “acordar” meus ocultíssimos neurônios e voltar ao passado. Lembro-me de acontecimentos de meus três anos e de voltar ao passado para entender como muitas coisas aconteceram e por que aconteceram. Como ficam preservadas minhas memórias? Essas memórias são minhas. Como as guardei? Tenho um sujeito de atribuição dentro de mim, aquilo que faz com que eu seja o centro de mim mesmo, aquilo que faz com que eu seja eu. Assim posso falar: meu corpo é meu, meu espírito é meu. O que faz com que eu seja responsável por tudo o que falo e por tudo que faço.
Eu me preocupo muito com o funcionamento de minha vida interior, com todas essas lembranças que povoam lugares ocultos de meu ser interior. Nunca fiz um curso de Biologia. Escrevendo sobre o assunto posso estar dizendo besteiras. Que os biólogos me perdoem. Quem sabe algum bom samaritano possa me ajudar explicando-me como funciona a mente humana?
Há coisas piores quando se trata da concepção humana. Como entender, no meu pobre raciocínio, o acontecimento do encontro de um espermatozoide e um óvulo na concepção humana? Quando aquelas duas células se encontram, unem-se bilhões de informações. Na medida em que se multiplicam vai-se formando um ser humano. Tudo isso fora de nosso alcance, independente de nossa intervenção. Quem comanda esse mistério? Quem dá as ordens? É um desenvolvimento automático? Posso dizer que naquele encontro amoroso é que se forma, ou, só mais tarde se tornará uma pessoa? Mais difícil ainda, quando surge o problema da consciência. Prefiro, hoje, não tocar neste assunto. O que posso dizer é que estamos mergulhados num mistério.