Essa foi a melhor final de campeonato dos últimos tempos. Não faltaram emoções.
E que emoções! No autódromo, a sensação sentida na pele foi maravilhosa. Mas quem sentiu na pele mesmo foi Felipe Massa, que por alguns segundos foi campeão mundial. Nas arquibancadas, todos comemoravam se abraçando e pulando, quando de repente, veio a notícia, ou o choque, que ninguém queria ouvir, a não ser os ingleses. Nosso piloto fez o que era preciso, e bem feito. Pessoalmente, acreditava que o título só viria com uma quebra da McLaren, pois na pista pensava que era impossível. E não é que durante alguns segundos a lógica tinha ido por água abaixo? Pena que durou pouco... Nas duas voltas finais, com Massa liderando e Hamilton em sexto, eu não acreditava, era um milagre. Era tudo o que queríamos, mas não dava para acreditar. Lewis Hamilton perdia o título mais uma vez no Brasil, e por um pontinho apenas. Mas a sina não aconteceu novamente, para sorte do inglesinho. Pensando como inglês, seria uma injustiça perder novamente na última prova. Logo após a bandeirada, já tinha gente perguntando quanto a McLaren teria pago para o alemão abrir no final. Não acredito que isso tenha ocorrido. Nos tempos do outro alemão (Schumy), isso chegou a acontecer, mas com equipes menores, que usavam motores italianos, como é o caso hoje da Force Índia e da STR. Já a Toyota e a McLaren não têm laços tão estreitos assim. Tem gente também que acredita que, para atrapalhar os italianos, todos se juntam, como aconteceu no campeonato de 1998, quando a Williams ajudou a McLaren a derrotar os italianos na última etapa. Essa última etapa foi marcada pelo desempenho de dois pilotos: o espanhol, que andou muito bem, largou em sexto e chegou em segundo, e o alemãozinho Vettel, que chegou em quarto e deu um calor danado no Massa, passando pelo Hamilton, no final. Outro alemão também teve uma participação de peso na prova: Timo Glock. Para a turma que acha que ele facilitou, aí vão mais dados interessantes. Glock vinha tirando tempo de Hamilton e, quando foi aos boxes, ficou uma eternidade por lá. Ao retornar, já não apresentava perigo para o inglês. Outro dado é que Hamilton ultrapassou o alemão entre a curva do mergulho e a da junção, e não na última curva, como insistiu Galvão Bueno. Desse ponto até a bandeirada, são cerca de 800 metros. Hamilton cruzou a linha de chegada com mais de 5 segundos de vantagem em relação ao alemão. É muito tempo para poucos metros, ou então a Toyota estava sem motor, porque acelerar na reta com pneus para pista seca na chuva não é um grande problema. Aliás, é a única hora em que um carro nessas condições consegue alguma velocidade. A grande verdade é que Felipe Massa foi perfeito no final de semana. Fez a pole, foi o autor da volta mais rápida e, de quebra, ganhou a prova com ótima vantagem sobre o segundo colocado. Nas três etapas do GP Brasil, com a Ferrari, Massa foi implacável. Em 2006, pole e vitória; em 2007, pole e segundo lugar – segundo porque todos sabem que a vitória seria sua. Apenas fez o jogo de equipe para ajudar o Kimi. Em 2008, não precisa nem falar. Depois dessa temporada, creio que os críticos que queriam sua cabeça no começo da temporada vão pensar duas vezes, agora, antes de malhar ou pressionar para colocar outro piloto no seu lugar. Felipe Massa deve saber por que perdeu o título, mas não pode falar. Na verdade, sua equipe não o trata como um piloto para ganhar título. É inadmissível que uma equipe do nível da Ferrari erre tanto. E pelas declarações do chefe da equipe, Stefano Dominicale, dá para sentir bem a filosofia da equipe. Dominicale declarou que estava satisfeito e que não iria olhar para o passado nem falar das falhas cometidas nesta temporada. Disse que o campeonato de construtores já estava de bom tamanho, ou, melhor dizendo, “estamos muito felizes pela conquista de mais um títul o oitavo nas últimas dez temporadas!” Posteriormente, declarou que espera que o Kimi Raikkonen volte a ser competitivo e que ele ganhe o campeonato de 2009. Pode? Nosso piloto está trabalhando com o inimigo. Uma ótima semana a todos!