Dias atrás assisti a uma entrevista com a atriz Cissa Guimarães relatando como a Terapia do Luto a tinha ajudado a continuar vivendo e a superar a perda de seu filho.
Restrita aos grandes centros, essa modalidade de trabalho psicológico é ainda muito desconhecida, mas minha experiência na área tem me provado o quanto um apoio adequado pode amenizar as dores de uma perda.
As perguntas que normalmente me são feitas, não variam muito e versam sobre duração, indicações, forma de trabalho e benefícios.
Vamos por partes iniciando sobre uma indicação. Se observarmos bem, a grande maioria das pessoas possui recursos para enfrentar um processo de luto, fazendo com que nem todos necessitem de ajuda especializada. Um exemplo que me parece pertinente para compreender a necessidade de ajuda num processo de luto é a cicatrização das feridas físicas que ocorre de forma diferente em termos de dor, tempo, sangramento e necessidade ou não de medicamentos.
Por que é assim? Por que nem todos vivem o luto da mesma maneira? A resposta é que, cada um possui experiências e recursos psicológicos diferentes para enfrentar os problemas da vida.
Além disso, outros fatores interferem na forma em como se vive um lut A idade de quem morreu, o tipo de vínculo afetivo que se possuía com ela ou ele, as circunstâncias de sua morte, se “anunciada” ou inesperada, se de forma natural ou violenta e ainda se a pessoa enlutada possui uma boa rede de apoio, quais suas crenças a respeito da morte etc.
Considerando todos estes aspectos, um tipo especial de perdas costuma trazer as pessoas até o consultóri a perda de filhos jovens de forma acidental é a que nos parece ser o mais difícil tipo de perda a ser superado.
Nosso trabalho com os enlutados consiste em oferecer-lhes um ambiente de acolhimento e empatia para com o seu sofrimento, levando-lhes a compreender que o conjunto de sintomas que apresentam faz parte da experiência de perda e, por meio de técnicas específicas, contribuímos para que eles aceitem a realidade da dor da perda e aprendam a continuar vivendo sem a pessoa que morreu.
Esse trabalho é realizado num período breve de tempo, de maneira que não ultrapasse doze semanas e é focado na problemática do luto. Se após esse período percebemos que fatores próprios da personalidade do enlutado estão “emperrando” a resolução de seu luto, recomendamos a realização de uma psicoterapia nos moldes tradicionais.
Considerando a proximidade de mais um Dia de Finados, estaremos no próximo artigo dando continuidade a esse tema tratando sobre os chamados “lutos patológicos” ou “complicados” com o objetivo de colaborar para que as pessoas possam reconhecer a eventual necessidade de ajuda especializada em seu processo de Luto.