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Hesse poeta em apenas dois lances

Em 1977, escrevi longo artigo comemorativo do centenário de nascimento de Hermann Hesse e o cinquentenário de atividades mediúnicas

Elias Barbosa
eliasbarbosa34@terra.com.br
Publicado em 23/05/2010 às 14:37Atualizado em 20/12/2022 às 06:26
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Em 1977, escrevi longo artigo comemorativo do centenário de nascimento de Hermann Hesse e o cinquentenário de atividades mediúnicas do amigo de todos nós, Francisco Cândido Xavier, para tanto percorrendo as 242 páginas da edição brasileira de Stuffen, Ausgewählte — Andares (Antologia Poética), tradução e prólogo de Geir Campos, Rio, Nova Fronteira, 1976, delas retirando o essencial, cremos, para o nosso crescimento espiritual.

Hoje, limitar-nos-emos a um deles, em apenas dois lances, deixando o segundo para o próximo artigo, para concluir nossa modesta análise da gigantesca obra hesseana.

Busca da verdadeira pátria, a espiritual: “Pelos campos”, p. 23: “Pelos céus passam as nuvens, / sobre os campos sopra o vento, / pelos campos erra o filho/ perdido de minha mãe. // Pelas ruas rolam folhas, / sobre as árvores há pássaros. / Sobre as montanhas, em algum lugar / minha pátria há de estar.”

Primeira estrofe de “Dentro da Noite”, p. 28: “Muitas vezes desperto com a idéia / de que um navio singra a noite fria, / ganha os mares e ruma a litorais / dos quais me sinto arder de nostalgia.”

Apenas a parte final de “O Poeta”, pp. 59-60: “Minha pátria é não menos / a abóbada celeste com a luz do amanhã: / Muitas vezes nas asas da saudade arroja-se minha alma para o alto, / a olhar o glorioso porvir da humanidade, / o amor acima da lei, o amor de povo a povo. / Volto a encontrá-los todos nobremente mudados: / o camponês, o rei, o comerciante, a ativa marujada, / o jardineiro e o pastor, todos / agradecidos celebrando a festa mundial do porvir. / Falta apenas o poeta / — ele, o contemplativo marginal, / a imagem pálida e o portador do anseio da humanidade, / a quem o futuro, a plenitude do mundo, / já não faz falta: murcham / numerosas em seu túmulo, / mas a memória dele está apagada.”

Da “Ode a Hölderlin”, a parte final, p. 78: “Mas para o grupo secreto dos que meditam mais fundo, / a quem Deus tocou com nostalgia a alma, / fazem-se ouvir para esses até hoje / os acordes da tua harpa divina. // Fatigados do dia, com fervor nos voltamos / para a noite ambrosíaca do teu cantar, / cuja asa desdobrada / vem num sonho dourado nos agasalhar. / Ah, e crepita mais forte, quando nos vem o encanto do teu canto, / com mais paixão flameja, rumo à saudosa pátria do passado, / rumo aos templos gregos, / a nossa imorredoura saudade de uma pátria.”

(*) clínico geral e psiquiatra

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