Ouvi muitos casos contados por minha adorada mãezinha Joaquina, já falecida. E eu tinha esses casos – dois dos quais conto aqui – na conta de muito estranhos, talvez por tê-los ouvido ainda criança.
Na década de quarenta, médicos iam à casa de seus pacientes a pé ou de charrete, conforme o caso. Foi nessa época que meu irmão Paulo, ainda pequeno, acordou um dia passando mal. Minha mãe, desesperada, deixou o menino com uma vizinha amiga, correu até o consultório, que estava lotado, e solicitou que o médico fosse ver a criança. Assustado, o médico foi. Encontrou Paulo sorridente comendo um pãozinho.
“É esta a criança que está morrendo? A senhora não tem mais o que fazer?” – quis saber o médico, tomando o caminho de volta para o consultório. Percebendo minha mãe atônita com a transformação do Paulo, a vizinha explicou a ela: “Notei que ele estava com quebranto, então o benzi! Como ficou bom, dei-lhe um pãozinho com café. Agora a senhora me dê licença: preciso dormir um pouco. Estou com a cabeça pesada...” Pois é isso! Benzedeiras eram muito requisitadas para afastar o mal e curar uma porção de doenças. E faziam milagres.
Paulo, também, foi convidado para ir a uma fazenda com uma família amiga. Em casa, minha mãe, enquanto servia o almoço, de repente deu um grit “Aconteceu uma coisa ruim com o meu filho!” Eram onze horas. Preocupação geral. À tarde, quando todos voltaram do passeio, contaram que Paulo, na hora do almoço, havia engasgado com um osso de galinha. E não foi fácil livrá-lo da situação. Na verdade, o problema havia acontecido justamente no momento em que minha mãe dera o grito... Coração de mãe jamais se engana!
Imagino por quantas situações muitas mães já passaram experimentando a premonição por se ligarem aos filhos de forma realmente intensa. Por mais longe que eles estejam, muitas vezes as mães têm a impressão de os terem ao seu lado. Quanto às benzedeiras, pelo sim, pelo não, convém acreditar em suas histórias. E “se persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado”.