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Horário de verão

O horário de verão, que vigora em diversos países, aqui no Brasil é um pouquinho mais velho...

Mário Salvador
mariosalvador@terra.com.br
Publicado em 25/10/2016 às 20:21Atualizado em 16/12/2022 às 16:52
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O horário de verão, que vigora em diversos países, aqui no Brasil é um pouquinho mais velho que eu: foi adotado em 1931. Foi Benjamin Franklin quem sugeriu, em 1784, que as pessoas acordassem mais cedo no verão para aproveitar melhor a luz do dia e consumir menos velas (ainda não existia iluminação elétrica). Mas a ideia do horário de verão só foi proposta pelo neozelandês George Hudson em 1895 e posta em prática pela primeira vez em 1916 pela Alemanha, Áustria e Hungria.  

O horário de verão, que adianta em uma hora os relógios nos meses de verão, visa ao aproveitamento da luz natural por mais tempo. Além de ajudar na economia de energia, ele reduz o número de crimes, de acidentes de trânsito (pela iluminação natural), e é bom para o comércio e para a economia de água das hidrelétricas. Muitas variáveis interferem na economia de energia, o que torna seu valor diferente a cada ano. No horário de verão de 2015/2016, o Brasil economizou R$ 162 milhões.

Adiantar relógios é fácil. Difícil é adiantar ou atrasar o relógio biológico com a mesma rapidez. Especialmente no início do horário de verão, muitos estudantes e trabalhadores caminham de manhã por ruas ainda escuras. E provavelmente, nessa época, parte da economia que é feita com o horário de verão fica perdida.

Quanto à dificuldade de adequação do relógio biológico ao horário de verão, os animais pouco se importam com isso. Os galos, costumeiramente, iniciarão sua sensata cantoria às seis da manhã. Mas pelo horário deles. Já as pessoas têm problemas reais. O horário atrapalha viajantes que dependam de fusos horários; atrapalha padrões de sono, especialmente para quem trabalha com equipamentos pesados; e alguns profissionais, como agricultores, se guiam pela luz natural. E ter mais de um filho pequeno significa ter mais trabalho para garantir a adaptação ao horário. Pais precavidos, bem antes do início do horário de verão, começam o exercício de mudança de hábitos dos filhos, especialmente se estes têm que ir à escola de manhã. Assim, quando o horário de verão se inicia, a dificuldade de adaptação é menor.

Vamos considerar a possível situação enfrentada no início do horário de verão por uma mulher que seja casada com um agricultor e que trabalhe a partir das 7 da manhã e tenha três filhos (com 4, 5 e 6 anos) que entram cedo na escola. Dificilmente uma pessoa solteira e sem filhos vai entender por que o simples trabalho de dar uma adiantadinha no relógio fez com que aquela colega de trabalho chegasse ao serviço com olheiras.

Embora, para muitos, o início do horário de verão seja mais uma oportunidade para lazer e prática de esportes à noite, para outros tantos a economia de energia elétrica não vale o sacrifício. Talvez o país ganhasse mais com a fiscalização das estatais, por exemplo. Há muito não se fazem pesquisas a respeito do impacto do horário de verão na vida das pessoas. Embora este horário cause transtornos, especialmente quando inicia, há algo de bom ao menos quando termina: quando já estamos acostumados com ele, a tortura finalmente acaba. E enquanto o horário de verão continuar sendo adotado, quem faz aniversário no dia em que ele finaliza tem um dia de aniversário de 25 horas garantido por lei. Viva!

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