Apesar de muitos conteúdos desnecessários ou aviltantes nos programas televisivos, vez ou outra, algum programa ou reportagem chamam minha atenção. Dentre estes, uma série apresentada nas últimas edições do Fantástico trouxe importantes pistas para os empresários que realmente queiram que sua empresa não esteja voltada apenas para o lucro financeiro.
Estou falando do quadro Chefe Secreto, onde um executivo passa algum tempo disfarçado de operário, analisando as condições gerais de trabalho e processos, bem como procura se aproximar de seus colaboradores, de uma forma diferente das tradicionais.
Na primeira série apresentada, a ação de um desses chefes resultou em modificação positiva na vida de pelo menos quatro funcionários. O primeiro deles, um avô que sofria por viver muito longe de seu neto por não ter condições financeiras de visitá-lo regularmente e que se emocionava só de falar nisso; a segunda, a de uma moça que sofria de diabetes e que precisava de um tipo de medicamento administrado por meio de uma bomba que não estava conseguindo receber via SUS; a terceira, de um jovem com tumor no cérebro que necessitava de uma cirurgia no valor de 50.000,00 reais, e a quarta e última vida, a de um jovem lutador, longe de suas origens e já casado, que sonhava em cursar uma faculdade.
Imagino que, se esta empresa contava com um Setor de RH estruturado, provavelmente algum psicólogo ou assistente social já tivesse conhecimento dessas situações, mas, no mundo empresarial, muitas vezes não adianta pedir para os santos se os Deuses não se sensibilizarem com as causas pretendidas.
No programa citado, o Chefe ouvir essas histórias olhando nos olhos de seus chefiados fez toda a diferença. Ele se preocupou com cada um deles e possibilitou a solução para os problemas.
Além dessas mudanças individualizadas, o chefe secreto, que sofria de problema de coluna, sentiu na pele o quanto sua empresa negligenciava a ergonomia e detectou situações nas quais era humanamente impossível trabalhar por muito tempo sem adoecer. Processos e fluxos inadequados também foram identificados e modificados.
Você e eu conhecemos empresas nas quais os colaboradores são sugados até a última gota de sangue e descartados como objetos imprestáveis quando não mais podem gerar lucros materiais.
Que maravilhoso seria se toda empresa estivesse preocupada em gerar lucro social resultante do bem-estar daqueles que a sustentam no cotidiano!