Há mais ou menos quatro décadas, o que direi a seguir jamais poderia ser dito. Este comentário simplesmente reedita notícia quase abortada, mas divulgada pela Folha de S.Paulo
Há mais ou menos quatro décadas, o que direi a seguir jamais poderia ser dito. Este comentário simplesmente reedita notícia quase abortada, mas divulgada pela Folha de S.Paulo na página C3 do dia 09/05/09. Vejamos: “Dupla assalta banco dentro do QG do Exército”. O fato estaria embaixo do tapete não fosse a liberdade de imprensa que hoje experimentamos.
A gravidade do episódio me obriga a abordá-lo. Dois bandidos entraram armados no subsolo do quartel-general do Exército em Brasília, renderam um funcionário, arrombaram um cofre e levaram R$ 8.000! Ficaram só nisso? Não; os superaudaciosos marginais amordaçaram um general, amarraram suas mãos e o trancaram dentro do Posto Bancário.
O fato, a meu ver, tem dois enfoques: o primeiro cinge-se à dificuldade para o civil entrar na sede do Comando Geral do Exército e portando armas. Aquela fortaleza se iguala aos bunker de guerra que temos notícia. Existem ali sentinelas armadas, saídas secretas, abrigos antiaéreos, sensores, câmeras, gravadores, além de pessoal escolhido a dedo. Nada disso inibiu a ação dos dois “artistas”. O segundo enfoque é a natureza gravíssima do fato, tendo em vista que agora a violência atingiu o coração do poder. Precisa mais?
Minha razão rejeita a “justificativa” de que nossas Forças Armadas não podem se envolver com o combate à violência, ao argumento de que elas descumprirão a Carta Constitucional. Se não temos guerra e nem somos ameaçados pelos países vizinhos, por que não levarmos nossas Forças Armadas para as ruas? Mudar a Constituição Federal é apenas um detalhe diante da encruzilhada que nos encontramos. Antes disso, eu gostaria de ver mais e melhores escolas para as nossas crianças, bibliotecas, oficinas de artes, esportes, cursos profissionalizantes, empregos, etc. Por certo que a repressão armada seria dispensável. Aí sim, nossas Forças de Defesa poderiam ficar onde estão.
Não querem mesmo atacar o problema na base. E o recado da marginalidade foi diret “Vencemos a guerra”. Precisou que os dois bandidos vencedores mostrassem a um “indefeso” e humano general.
(*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro