Uma dor indescritível para um pai é ver o filho se drogando e posteriormente morrendo nas mãos de traficantes.
Talvez pedir esmolas fosse um mal menor, mas abnegados servidores que militam na área da assistência social perceberam, através de levantamento, que moradores de rua descobriram um filã muitos desses moradores pedem esmola justamente para comprar drogas. A descoberta levou a assistência social a pedir à população que não dê esmolas.
Seria uma ajuda também para os pais do morador de rua, que, hoje, parecem sofrer mais que em outros tempos, pois além de verem o filho pedir esmola, veem que ele se droga com o dinheiro ganho como esmola. Então, mesmo que eles exerçam algum controle em casa, sabem que a ajuda para o filho se drogar pode surgir na rua. E uma vez drogado, o filho pode cometer toda sorte de crimes. Ser mãe (e ser pai), como disse o poeta Coelho Neto, é mesmo “padecer no paraíso”.
Foi-se o tempo em que o crime mais comentado nos fins de semana era o do ladrão de galinha. Por galhofa, buscavam-se penosas no galinheiro alheio para fazer galinhada no encontro com amigos, em noites de sábado.
Já se foi a época de casas com portas e janelas abertas o dia todo, sem que se tivesse receio de assaltos. E a época de vizinhos sentados em cadeiras na calçada, no final da tarde, para uma conversa amiga. A grade que hoje observamos nas casas, transformando-as em pequenas prisões, antes era rara. Nas poucas residências em que havia grade, ela servia como ornamento, com fino acabamento. Antes, ornamento; agora, proteção da família.
Ladrões também modificaram os costumes. Para entrar nas casas, aguardam, com paciência de desocupado, o morador chegar, acionar o portão eletrônico e guardar o carro na garagem. Esse é o momento indicado para o assaltante entrar na residência e vasculhar tudo, ameaçando moradores, ironicamente protegidos por muros altos e grades. E nada basta aos delinquentes: às vezes, além de tirarem das vítimas o carro, celular, documentos e cartões, ainda roubam a vida delas.
Mais do que antes, um antigo costume hoje é quase uma necessidade: o de se pedir a bênção ao sair de casa para a escola, para o serviço ou para um passeio. É que o filho que o faz tem a melhor companhia, pois os pais lhe dizem: “Vá com Deus!” ou “Deus o acompanhe!”.
Hábitos e costumes vão e vêm. E nas voltas que o mundo dá, pode ser que os homens voltem a respeitar o semelhante, o bem alheio, o bem comum. Toda a sociedade deve fazer sua parte. Onde houver o homem, há esperança.