Convocações feitas pelas redes sociais para Sete de Setembro indicavam que haveria muitos manifestantes nas ruas, naquela dia, em diversas cidades, para reclamar de tudo, buscando a independência do Brasil em todos os campos: saúde, educação, segurança pública, transportes, zero de corrupção...
Rio de Janeiro. Começa o desfile. Tropas marcham cadenciadas por uma das pistas da avenida. Autoridades no palanque e povo nas arquibancadas, do lado oposto da avenida. Tropas de choque estão preparadas para evitarem tumultos.
“Já podeis, da Pátria, filhos...” Bombas explodem em um dos lados da avenida, perto do povo.
“Ver contente a mãe gentil...” O gás lacrimogêneo se espalha. A intenção da polícia é dispersar o povo que está na avenida portando bandeiras e gritando palavras de ordem (ou de desordem).
“Já raiou a liberdade...” Já há alguns detidos algemados, deitados no solo. Mais uma bomba explode no meio da massa. Com uma das pernas atingidas, um cidadão cai no asfalto. É cercado pela polícia, por curiosos e por assustados. Bombeiros são acionados para prestar socorro à vítima.
“No horizonte do Brasil...” O horizonte está esfumaçado. Uma criança, esfregando os olhos, chora nos braços do pai. A multidão anda em roda. Alguns escapam do tumulto por uma escada rolante em funcionamento. Atropelos, tombos, correria. Soldados disparam mais bombas para dispersar o povo.
“Nós somos da Pátria a guarda,/ Fiéis soldados...” A tropa segue no desfile, com garbo varonil. Diferentemente de anos anteriores, poucos militares participam do Desfile da Independência, pois quase toda a tropa foi recrutada para garantir a ordem: havia no ar a promessa de baderna.
“Porém, se a Pátria amada/ For um dia ultrajada/ Lutaremos sem temor.” Foi sem temor que a tropa partiu para cima dos baderneiros.
“Como é sublime/ Saber amar,/ Com a alma adorar/ A terra onde se nasce!...” Por certo, os manifestantes assimilaram bem o que é o amor à Pátria, idolatrada. A questão é que as convocações para as manifestações assustaram as autoridades, que tiveram tempo para se precaverem. Doravante, em manifestações reivindicatórias, todo cuidado será pouco.
No Dia da Pátria, autoridades mostraram que podem acabar com tumultos. Da mesma forma, poderiam acabar com a criminalidade que grassa o país, para que todos nós, brasileiros, ganhássemos, de vez, a independência e pudéssemos circular em paz por ruas e avenidas; e pudéssemos sentir segurança em nossas residências, onde ainda nos trancamos como reféns de bandidos; e pudéssemos desfrutar horas de lazer, passeando por avenidas, restaurantes, praias e shoppings, sem medo de arrastões.
Que o Dia da Independência seja o marco inicial da era em que “o sol da liberdade em raios fúlgidos” brilhará para sempre no céu da Pátria.