Desculpem-me, mas tenho que voltar novamente a escrever sobre a saúde (?) ou as doenças (!) do povo. Relembro a demagogia política que acabou com os institutos de classe (Iapi, IAAPB etc) e os substituiu por uma entidade única, o SUS, que, segundo o dr. Ulisses Guimarães e seus colegas, seria a unificação e salvação de todas as classes trabalhistas necessitadas de assistência à saúde. Estas atitudes infelizmente foram e continuam a ser dirigidas pelos políticos de plantão, que nada conhecem de saúde do povo pobre – do qual querem apenas os votos. Curiosamente, os fracassos desta política deixam como atestado e herança apenas a mudança das siglas, nomes e abreviaturas. Agora, por exemplo, as unidades básicas são chamadas UPAs, não sei por quanto tempo, e mais URS, UBS e o capeta a quatro. O povo, este não muda o nome, nem suas doenças e necessidades, muitas vezes suas decepções. De passagem devo reconhecer que muita queixa e sofrimento deve ser dividido por dois responsáveis frequentes: profissionais médicos de mau ou errado procedimento, aproveitados e ou aproveitando o leite magro de seus pagamentos e sonhando a pobre aposentadoria futura. Na sua frente está um porrilhão de doentes de toda sorte (ou azar...), e entre eles o grupo dos psicossomáticos ou simplesmente píssicos de doenças imaginárias e mutantes. Agora, meu amigo leitor, pegue todos estes erros estruturais e pessoais, misture, jogue no imenso liquidificador da saúde... e veja que M vai sair. Infelizmente, a continuar assim, não tem perigo de melhorar. Converso com o Adib Jatene, meu mestre amigo e conhecedor do que vivemos uma vida toda. Falamos e conhecemos estas verdades, mas os políticos são maus ouvintes, sobretudo porque estão “de passagem” enquanto a saúde é problema de permanência. O povo, por seu lado, é um queixador permanente e contagioso, sempre se associando no falar mal de tudo e atrapalhando onde for possível, uns raros, poucos e sorteados agradecidos da saúde recuperada. E veja-me, bom leitor, como estou me aproveitando de todos vocês. Algum leitor velhaco, não sabendo do meu passado e idade, deve falar: este malandro bom de bico, garanto, é candidato a vereador, no mínimo! Aí eu salto de banda, escondo um zape no bolso, e vou sofrer na lagoa a saudade do Dino – tão idiota como eu, que sabemos explicar e não conseguimos fazer, entender e resolver. Esta crônica tem peso, conhecimento, imaginação e público – mas não tem poder.
(*) Médico e pecuarista