De tanto ver alemães e brasileiros se interagirem
De tanto ver alemães e brasileiros se interagirem como nunca durante a Copa do Mundo de 2014, tive uma ideia: tomar as tintas que retratam as cores das Bandeiras alemã e brasileira, misturá-las e ver a cor resultante. Estendi minha ideia e depois passei tudo para uma tela. O preto, o vermelho e o amarelo da Alemanha, ao se misturarem com o verde, amarelo, azul e branco do Brasil, resultaram num matiz escuro inesperado.
Embora eu seja um reles amador na arte, fiz uma leitura do que pintei e afianço que é uma tela simples, mas feita num momento especial. E me explic o povo alemão, que até aqui era visto como pouco sensível, quebrou esse paradigma, e nós, com a imagem de um país atualmente agitado, com muita violência, agimos exatamente ao contrário. Fomos cordiais e os jogadores da Seleção Alemã, respondendo-nos, simplesmente arrasaram em termos de interação conosco. Que o diga o povo baiano.
Os 7 gols que tomamos deles, contra 1 que fizemos na data melancólica de 08/07/2014 no Mineirão, serviram para nos unir à Alemanha. Esquecemos até a nossa derrota diante da Holanda por 3 a 0, no dia 12/07/2014. Enrolamo-nos com a Bandeira preta, vermelha e amarela na final com a Argentina, em 13/07/2014, e vimos Mario Götze liquidar nossos “hermanos” com um só gol. Aí, vibramos!
“Tudo passa”, eis a tatuagem no pescoço do atacante Neymar. Na Copa de 1950 fomos os algozes da Espanha, liquidando-a por 6x1, e carrascos da Suécia, fulminando-a por 7x1. Essas duas derrotas, depois de sessenta e quatro anos, passaram para os espanhóis e suecos? Não creio.
O importante é ter o senso esportivo e, mesmo sendo difícil esquecer a recente derrota inexplicável para a Alemanha, devemos lembrar que: competir é tão nobre quanto vencer. Senão ficaremos lamentando o leite derramado, como fazemos até hoje com a derrota para o Uruguai no dia 16/07/1950, dentro do novíssimo Maracanã. Gighia nos impôs o primeiro apagão da nossa história, segundo depoimentos do nosso goleiro Moacir Barbosa.
O que resultou da interação espontânea entre Alemanha e Brasil na Copa de 2014? No modesto desenho que fiz, consigo ler a mensagem silenciosa deixada pelos alemães que venceram o certame: “A grandeza é para os grandes, mas a humildade é para os maiores.”
Nota: no último artigo anterior, onde se lê derrota para o Uruguai por 2 a 0, leia-se por 2 a 1.
(*) PRESIDENTE DO FÓRUM PERMANENTE DOS ARTICULISTAS DE UBERABA E REGIÃO, MEMBRO DA ACADEMIA DE LETRAS DO TRIÂNGULO MINEIRO