Internet na medida certa

Conta uma lenda que um rei ordenou ao sábio do reino que preparasse os sete melhores pratos do mundo e lhe foi apresentado esse número de iguarias feitas com língua de vaca. Astucioso, solicitou depois que fossem trazidos os sete piores pratos e novamente foram lhe apresentadas iguarias com o mesmo material.

Pedindo explicações a respeito do acontecido, foi-lhe dito que nenhuma coisa é boa ou ruim por si só, mas que depende do uso que delas fazemos.

Isso me remete às queixas de pais preocupados com o poder e sedução da Internet sobre seus filhos adolescentes e jovens. Segundo estes, por ela são trocados os momentos de convivência, passeios, amigos e o dia pela noite. Tornam-se experts em virtualidade e zero em sociabilidade.

De outro lado, pais dão graças a Deus por seus filhos estarem dentro de casa e, supostamente, livres da violência urbana como se na Net não houvesse exploração sexual, brigas combinadas, indução ao consumismo e dependência de jogos em rede, torcidas organizadas, times, etc..

Como então encontrar o limite certo para um bom uso desse adequado recurso da modernidade?

Encontramos na própria Net recomendações que começam pela definição do local onde se deve colocar o computador. Para eles, o isolamento no quarto coloca as crianças em situação mais vulnerável que se em local de onde se possa ver os sites nos quais estão “lincados”.

Instalação de filtros e programas de bloqueio, horários definidos, orientações para não se divulgar dados pessoais ou fotografias próprias ou de famílias, não marcar encontros ou receber presentes de desconhecidos são formas de se navegar em segurança.

E aí me pergunt como fica a segurança de uma família que não solta um “pum”, sem anunciar o que está fazendo em tempo real, como compras, viagens, festas e tudo devidamente comprovado com fotos demonstrando o status da família, colocando-se como alvo fácil de bandidos?

Bem vinda seja a Internet em tudo aquilo que ela possui de bom, mas tomara que não torne nossos jovens zumbis errantes sem projetos de vida e com a falsa percepção de que na vida real os problemas possam ser deletados e congelados como fazem com desafios do mundo virtual...