ARTICULISTAS

João Goulart

O Brasil assiste à materialização de mais um ato

João Eurípedes Sabino
forumarticulistas@hotmail.com
Publicado em 20/12/2013 às 20:15Atualizado em 19/12/2022 às 09:44
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O Brasil assiste à materialização de mais um ato no demorado percurso rumo à democracia. No dia 18/12/2013, o Congresso Nacional devolveu simbolicamente o mandato ao falecido ex-presidente João Goulart. Seu filho João Vicente Goulart recebeu em plenário as homenagens que doravante reconhecem Jango como o nosso ex-primeiro mandatário deposto no dia 31 de março de 1964.

João Goulart aqui esteve no dia 13 de dezembro de 1963 e paraninfou  turma de formandos pela Faculdade de Direito do Triângulo Mineiro, além de receber das mãos de Mário Palmério o título de Honoris Causa. Nas comemorações do jubileu de ouro daquela turma, ocorrido no dia 08/11/2013, o Jornal da Manhã publicou uma foto da formanda  Djanira Macedo Mendes, hoje Juíza de Paz, sendo cumprimentada por Jango na solenidade de colação de grau no Cine Metrópole. E a Folha de São Paulo no dia 14/12/2013, num erro imperdoável assegurou que naquela noite Jango paraninfou alunos em Uberlândia. Nada contra a cidade coirmã, mas daí a mudar a história; não posso admitir!

Na tarde daquele 13 de dezembro eu estava no então Aeroporto Santos Dumont quando o avião quadrimotor  Viscount  da Força Aérea Brasileira aterrissou em solo uberabense. O aeródromo estava superlotado e antes do aparecimento de sua excelência na porta da aeronave para honra e graça  do nosso povo, eis que surge um 3º sargento radiotelegrafista de voo integrante da tripulação. Ele desce a escada e, em seu pé, espera o chefe maior prestando-lhe a devida continência. Quem era aquele jovem de farda azul?  Era Wilson Sabino, meu tio pelo lado paterno.

João Belchior Marques Goulart, ao que sei, apesar de ser afortunado, era homem simples. E, ao contrário da falaciosa onda socialista que o lulismo prega hoje, Jango, nos pampas, se sentava com a peonada e tomava o mate com a cuia passando de mão em mão. Aliás, a preferência explícita dele pelas praças das nossas Forças Armadas tirava o sono dos generais. Aí começou a sua queda.

Em 1963, vislumbrávamos  uma democracia além do seu tempo e por isso  mal interpretada pelas elites. O cantor e humorista Juca Chaves na música “Dona Maria Tereza”, falando à esposa do presidente, ilustrou muito bem a pressão que ele sofria e assim cantou: “Dona Maria Tereza / Assim o Brasil vai pra trás / Quem deve falar/ Fala pouco/ Lacerda já fala demais”. Já dando sinais de exaustão, Jango desabafou em Uberaba dizendo que “os opositores espalham intrigas e boatos, com a finalidade de conturbar os trabalhos da nação”. Dali a 3 meses e 18 dias ele caiu.

Não entrando no mérito da cassação de João Goulart e de sua morte, entendo que, quando a história é distorcida, o tempo se encarrega de voltá-la ao ponto de onde ela jamais poderia ter saído. 

(*) PRESIDENTE  DO  FÓRUM  PERMANENTE  DOS  ARTICULISTAS  DE  UBERABA E  REGIÃO; MEMBRO  DA  ACADEMIA  DE  LETRAS  DO  TRIÂNGULO  MINEIRO

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