Quem compra ou assina jornal local impresso quer apreciá-lo antes de qualquer outro
Quem compra ou assina jornal local impresso quer apreciá-lo antes de qualquer outro. (Outro leitor ou outro periódico, tanto faz.) O número de páginas é menor que num jornal de circulação nacional. E vai bem com cafezinho, pão de queijo e manias adquiridas por direito.
Em geral, primeiro o leitor passa os olhos pelo nome do jornal. Em seguida, vê as notícias, iniciando pelas manchetes. Depois devora página por página, até a última, sem desprezar os classificados. Mas há quem tenha por hábito buscar primeiro o que mais lhe interessa. Pode ser – quem sabe? – o horóscopo, cuja leitura não dispensa por nada. E, se aquele não agradar, busca na banca um horóscopo melhor para o dia, o que não é difícil achar.
Na relação de missas, surpreendem-nos nomes de conhecidos que se foram e a quem não conseguimos prestar a última homenagem. Há casos dignos de nota. Em 1972, um representante comercial me mostrou, num exemplar dum jornal de São José do Rio Preto, um convite de missa por intenção de Mário Salvador. Era um homônimo, o que, com nome tão curto, é fácil encontrar: só a internet lista mais de sessenta, com CPFs obviamente distintos.
O trabalho dos redatores, colunistas e repórteres é digno de ser apreciado sem moderação. E, na sequência da leitura, buscamos a coluna social, dentre as muitas e bem feitas colunas, já que os responsáveis sabem do que o leitor gosta. Vamos depois ao esporte, ávidos por notícias sobre o time do coração. Nos classificados, há ofertas que chamam a atenção e podem resultar em bom negócio ou boa oportunidade de emprego. Embora seja bom desconfiarmos um pouco de tudo o que lemos, o certo é que os classificados vendem muito.
Em outra coluna, o Cartório relaciona dívidas com risco de protesto, caso não sejam pagas. Curiosos são os valores arrolados: às vezes, inferiores a R$ 50,00. (O que levaria dívida tão irrisória a um protesto?) Apesar de nada devermos, não tem sido esse o motivo de lermos editais do Cartório. De tempos para cá, espertinhos fazem cartão de crédito (e compras), em nome de falecidos. Como falecido não paga fatura, tem nome lançado no Serasa e SPC. A família recebe a cobrança. Uma chatice. Precavidos, agora nos desdobramos em cuidados.
Admiramos a qualidade da propaganda veiculada no jornal, que hoje se vale de inúmeros recursos. Também nas fotos que publica, o jornal explora a tecnologia. E os leitores contribuem com flagrantes. Já vai longe o tempo da clicheria e do jornal preto e branco.
E, em suas cartas, os leitores, sempre atentos a tudo o que é publicado e a tudo o que acontece na cidade e região, fazem, com propriedade, críticas positivas e negativas. Na verdade, o leitor é o dono de tudo. É ele a razão de ser do jornal. É por e para ele que toda uma equipe trabalha com afinco. Ele sabe que jornal da terrinha da gente tem sabor especial. Então o jornal se esmera para que cada edição mereça ser apreciada de ponta a ponta.
(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro