ARTICULISTAS

Leitura reduz pena

João Eurípedes Sabino
forumarticulistas@hotmail.com
Publicado em 05/09/2014 às 16:56Atualizado em 17/12/2022 às 03:49
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 Nesses tempos em que o livro de papel na visão de muitos está com os dias contados, uma missão lhe é confiada em Brasília. O presidiário que ler um livro no prazo de 20 a 30 dias terá sua pena reduzida.

O prêmio ao condenado parece fácil, mas não é. A Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso do Distrito Federal (Funap) e a Universidade de Brasília (UnB) desenvolverão o projeto que avaliará o trabalho do apenado. Depois de ser lido um livro, será apresentado um relatório circunstanciado sobre a obra. Concluídas as análises pelas entidades gestoras do projeto, o preso poderá ter a remissão de quatro dias no seu tempo de reclusão e será acompanhado até a universidade. Lendo 12 obras no ano, a remissão poderá alcançar 48 dias/ano.

Quem tem a liberdade suspensa sabe o que é reduzir um dia nessa suspensão. O recluso que tem o hábito da leitura terá a chance ímpar de abraçar o livro e traçar novos rumos para si. Vejo como inteligente a Lei nº 5.386/2014 que esquadrinhou a ideia e credenciou o livro para redirecionar o ser, cuja vida está no desvio. Para a diretora-executiva da Funap, Verlúcia Moreira Cavalcante, os presos poderão trocar momentos ociosos por leitura/estudo. A meu ver, não há nada mais transformador.

A liberdade de consciência é o estado interno que permite ao homem elevar-se a si mesmo, postando-se entre Deus e a criação. O livro é, sem dúvida, o grande catalisador que acelera essa conquista transcendente. A prisão física se apequena quando o condenado passa a cultivar a nova concepção de liberdade.

“Ó bendito o que semeia livros, livros à mancheia e manda o povo pensar. E o livro caindo n’alma, é germe que faz a palma, é chuva que faz o mar”, disse o poeta Castro Alves no poema “O livro e a América”. Intuiu ele que o livro, ao agir na alma, faz o leitor, via de regra, ser melhor do que antes. E os condenados não fogem à regra, já que são seres humanos e não há mal sem cura.

Agora começo a vislumbrar a certeza de que nos presídios poderá estar a verdadeira ressocialização do preso, cuja trajetória começará pela leitura de bons livros. Com os devidos ajustes e adequações, a comunidade prisional poderá assimilar pelo menos um pouco de sabedoria para distinguir umas coisas das outras.

E antes de qualquer crítica dos pessimistas, vale o recad um livro cada um pode doar.

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