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Lesões da cartilagem do joelho e o exercício físico extenuante

No geral, a definição de patologias femoropatelares é confusa. Assim, quando falamos em luxação de patela ou sensação de “patela solta”, estamos falando de maneira genérica de uma série de patologias.

Dr. José Fábio Lana
Publicado em 06/09/2011 às 10:09Atualizado em 17/12/2022 às 07:27
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josefabiolana@institutomor.com.br

Ortopedista, Especialista em Medicina Esportiva e Regeneração Tecidual • Diretor do Instituto de Pesquisas em Medicina Esportiva, Ortopedia e Regeneração (IMOR) www.institutomor.com.br

No geral, a definição de patologias femoropatelares é confusa. Assim, quando falamos em luxação de patela ou sensação de “patela solta”, estamos falando de maneira genérica de uma série de patologias. Por exempl luxação traumática, luxação recidivante, subluxação, condromalácia patelar, dor anterior do joelho, mal alinhamento do aparelho extensor e assim por diante. São patologias que se confundem com sintomas e sinais de instabilidade.

Se considerarmos o joelho como um órgão efetor, ou seja, um órgão cuja função é transmitir, absorver e redirecionar forças no membro inferior, essa articulação se torna uma estrutura extremamente funcional. Por isso, o tratamento das disfunções do joelho tem como objetivo principal a restauração da função como um todo, e não apenas “prender” a patela na sua posição. Vamos entender melhor: a faixa de carga indolor compatível com o equilíbrio estrutural e fisiológico dos tecidos de uma articulação sem causar lesão é denominada “envelope de função”. A restauração do envelope de função da forma mais segura possível é vista como a principal finalidade do tratamento para pacientes com dor femoropatelar.

Scott Dye (1996) compara o joelho a uma transmissão mecânica biológica, cujo propósito é aceitar, redirecionar e dissipar cargas biomecânicas do corpo. Trata-se de uma grande superfície de sustentação deslizante, com um sistema de transmissão vivo de automanutenção e autorreparação. Os ligamentos podem ser visualizados como um sistema articulado e sensitivo, e os meniscos, como superfície sensitiva móvel. Os músculos funcionam como motores celulares, que transmitem forças através do joelho ao mesmo tempo em que agem para absorver e dissipar cargas.

Novas evidências da Europa e América do Norte indicam que o uso excessivo de estruturas como a patelofemoral pode levar à perda de equilíbrio tanto de tecido ósseo quanto de tecidos moles, como cartilagens, músculos, ligamentos e tendões. Existem muitas técnicas cirúrgicas para o tratamento da instabilidade femoropatelar descritas na literatura, mas a cirurgia dessa articulação é difícil e não tem parâmetros objetivos que definam sua necessidade. Embora seja indispensável em casos mais graves e de luxação recidivante, pesquisadores têm concluído que a cirurgia pode beneficiar o paciente em curto prazo, mas a longo prazo o joelho se torna pior, pela maior incidência de osteoartrite.

Por outro lado, os tratamentos conservadores clássicos, representados por programas de fisioterapia convencional, têm alcance limitado. São muito eficientes na fase de dor e edema e representam um papel muito importante na nossa abordagem. Entretanto, com o passar do tempo, tornam-se repetitivos, desestimulando os pacientes. Por esse motivo, eles abandonam o tratamento, perdem eficiência funcional e voltam a apresentar sintomas. Esses episódios sintomáticos se repetem até que se decida pelo tratamento cirúrgico na tentativa de controlar a disfunção.

Isso nos revela dois aspectos importantes: (1) a melhora da função pode ser alcançada com exercícios. A dificuldade está em manter os exercícios ao longo da vida, e (2) a falta de informação sobre a patologia e de comprometimento do paciente no seu tratamento. Partindo da premissa de que a restauração da eficiência muscular coloca o paciente em seu envelope de função, o ideal é estimular e valorizar alternativas de tratamento que mantenham a eficiência muscular de forma agradável aos pacientes, principalmente com a prática de alongamento de grupos musculares, fundamentais para o equilíbrio das forças durante movimentos do joelho.

A aplicação de métodos convencionais exige uma participação ativa do paciente, já que os primeiros resultados são vistos somente após 6 a 9 meses. É necessária uma mudança de atitude na sua vida pessoal, com a prática de atividades físicas de forma regular e organizada para que sua função articular permaneça dentro de seu envelope de função. O programa de tratamento deve ser individualizado, proporcionando ao paciente achar seu envelope de função e programa de exercícios que o tornem assintomático.

Referências

Mello W, Prado AMA. Tratamento Conservador da Instabilidade Fêmoro-Patelar. Revista do joelho. 2006 Set/Out/Nov; 6 ed. - Dye: The Knee as a Biologic Transmission With an Envelope of Function – A Theory. Corr. 1996; 323: 10-18.

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