Estimado leitor, há uma enorme mudança ocorrendo na formação educacional de nossos filhos: num futuro próximo, veremos, nas suas listas de material escolar, itens que até então delas não faziam parte. Junto aos tradicionais cadernos, lápis, apostilas, canetas e etc., virão as seguintes indicações: frequentar cinemas, livrarias, museus, exposições, concertos musicais, participar de viagens culturais, assistir a bons filmes, ouvir boa música dentre outras formas de se incentivar uma vida cultural.
Os fatores que estão engendrando essas mudanças são de fácil compreensão e todos, de certa forma, convergem para um único pont os alunos que, paralelamente a uma sólida formação educacional, desfrutam de uma vida cultural de boa qualidade apresentam resultados acadêmicos mais consistentes do que aqueles que se restringem a experienciar os conteúdos ministrados em sala de aula.
Mais: quando esses alunos estiverem fora da escola, também será possível observar que seu desempenho será mais eficiente, demonstrando, no mínimo, uma leitura mais ampla das situações vivenciadas por eles. Os alunos que constantemente inalam ares culturais se mostram mais preparados para os desafios, tanto dentro quanto fora da escola.
Entretanto, essa mudança no modelo de educação dos jovens está exigindo uma nova atitude dos pais. Espera-se, agora, uma maior vigilância em relação ao tempo que os filhos passam fora do âmbito escolar. Em vez de deixá-los por conta dos programas de televisão (quase sempre de gosto pra lá de duvidoso) e dos bate-papos da internet, dentre outras formas de ociosidade, será preciso incentivá-los a ler um bom livro, a assistir um bom filme, proporcionar viagens.
Não estamos nos referindo somente a alugar DVDs para os filhos assistirem ou comprar uma assinatura de revista. É fundamental que durante o tempo em que passam juntos, pais e filhos se envolvam nessas atividades. Estes não podem simplesmente receber um comando de voz para gostarem dessa ou daquela manifestação cultural. A criança que não vê seus pais frequentarem livrarias, por exemplo, dificilmente irá, sozinha, reconhecer o valor de tal prática. O despertar para a vida cultural não acontece por mera obra do acaso. Ele precisa fazer parte de um planejamento educacional.
Entrementes, esse planejamento também deve ser objeto de interesse dos educadores e das instituições de ensino. Projetos pedagógicos que estejam em sintonia com os interesses dos jovens e que abordem as diferentes formas culturais os levam ao entendimento de que a cultura nos torna mais conscientes de nós mesmos e do mundo em que vivemos.
Aulas de música, teatro, artes precisam ser incorporadas ao dia-a-dia das escolas, assim como sessões de cinema, nas quais os filmes possam ser debatidos, alargando o conhecimento acerca de um determinado assunto. Manipulando esse ambiente cultural, os alunos aprendem a respeitar as diferentes culturas, aprendem a conviver com outro, aprendem que o diferente deve ser fonte de interesse.
É, pois, tarefa urgente daqueles que se ocupam da educação dos jovens estabelecer estratégias que possam proporcionar-lhes um maior contato com experiências culturais.
(*) Doutorando em História e professor do Colégio Cenecista Dr. José Ferreira, da Facthus e da UFTM
