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Livro: manual de instruções

Renato Muniz Barretto de Carvalho
Publicado em 07/08/2023 às 21:53
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As coisas mudam tão rápido hoje em dia, não é? Alguém já disse que o tempo está encolhendo. Terá sido um físico nuclear, a influenciadora que faz vídeos na internet ou a mãe que leva apressada seus filhos à escola? Achei melhor consultar um livro. Haveria um livro capaz de me fornecer todas as respostas? E se, por alguma insondável decisão equivocada, nos impedirem o acesso aos livros? E se as pessoas, por não saberem usá-los, resolverem que não precisamos mais deles? Pensando nisso, cheguei à conclusão de que falta um manual para a leitura de livros.

Não se trata de crítica literária nem gramática, muito menos dicionário ou guia para professores; o mundo precisa de um manual de instruções para livros. A exceção, dependendo da metodologia usada para medir índices de leitura, talvez sejam alguns países asiáticos. Depois, vêm os de sempre: os europeus, eles costumam ler bastante. Sorte deles. Na América Latina, destaque para a Argentina. Parabéns, hermanos!

O distinto leitor, ao adquirir um exemplar, deveria consultar o manual e seguir as orientações dos fabricantes. O aproveitamento será incomparavelmente melhor. Por “fabricantes” eu entendo quem escreve e quem publica, passando pelos revisores, diagramadores, capistas, etc. Não vamos nos esquecer dos livreiros e dos vendedores atrás do balcão. Em caso de dúvidas, recorra a eles.

Antes de comprar um livro, é preciso verificar o que se está comprando, se não faltam páginas e se é o livro indicado. Deve-se dar preferência para livrarias de rua, para os sebos, mas, se não for possível, pode-se apelar para a internet ou pedir ajuda. O manual deve recomendar fazer um breve teste antes de levar o livro pra casa: folhear, ler a quarta capa, as orelhas e o prefácio ou a apresentação. Para leitores de primeira viagem, confiar apenas na intuição é arriscado.

A primeira orientação do manual pode ser observar itens como: quem escreveu, quem publicou e quando foi escrito. Prestar atenção nessas coisas equivale a considerar detalhes como voltagem, características do produto e assistência técnica. Esse tipo de produto não costuma ter garantia — a não ser no caso de defeitos graves —, por isso, o discernimento é importante. Depois de levar para casa e de iniciar a leitura, fica difícil cobrar os autores e editores por eventuais danos. Mas não se jogam fora livros, conheço casos em que uma percepção inicial ruim tornou-se boa numa segunda leitura.

Uma coisa importante é o local adequado para a instalação do produto, isto é, onde fazer a leitura. E eu complemento: o horário, a concentração, as condições de iluminação e o conforto. Depois, resolver onde ficará armazenado. O mais comum é deixar numa estante, com algum tipo de lógica na organização, supondo que o freguês não tenha apenas um volume em casa. Sugestão: guardar bem o manual e desfrutar os livros, as leituras.

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