Todos os acontecimentos da vida humana são gerenciados por um fator sobre-humano, ou seja, acima e além da nossa vontade. Até na música a ópera “La forza del destino” canta a submissão de nossos desejos e vaidades aos acontecimentos e surpresas do tempo.
Gravado em latim no mármore histórico está a frase definitiva: “memento homo guia pulvis est”, ou seja – lembra-te, homem, que és pó... e completa: ao pó retornarás. Estas citações tão simples me atropelam e obrigam a entender e dividir com meus leitores o fenômeno Luiz Inácio Lula da Silva e seu câncer na garganta. De início aviso que nunca fui PT, PTB ou qualquer esquerdismo radical e revolucionário.
Aliás, e por coincidência, na semana passada escrevi a semelhança até hipócrita de todos os partidos, direita ou de esquerda: a ambição do poder e suas benesses. Chego, por estas vias tortas e surpreendentes, ao Lula e seu destino. Nunca tive simpatia pelo esquerdismo brasileiro, de um lado apenas intelectual, do outro uma violência e ambição pelo poder e suas riquezas.
Perdi dinheiro, terras, gado e projetos no Mato Grosso, ponto final. Entretanto, votei em Lula na sua segunda eleição e na Dilma, que espero chegar também na próxima oportunidade. O mundo gira, o esquerdismo atual não é burro, vai pondo pra fora a corrupção e os roubos individuais dos falsos oportunistas.
Volto ao Lula, que é o responsável direto por toda esta marcha pela real democracia. Digam ou pensem como quiser, ele foi “o cara”. Santo e pecador, tudo bem, como todos nós. Vaidoso? Ambicioso? Quem chega lá em cima sem esses temperos? Aí está Lula, em quem o destino, a que chamo providência divina, deposita a lição final.
De todas as suas habilidades foi pela garganta que Lula venceu na vida. Poderá novamente vencer e retornar? Bem, além de médico e por isso um realista, não acredito. Ele vai querer, seus médicos e recursos modernos vão ajudar. Mas, parece-me, Lula já completou a sua lição de vida. E não foi pequena a luta daquele menino pobre do Nordeste. Pode descansar, não precisa mais se esforçar...
(*) Médico e pecuarista