Depois de não encontrar definições satisfatórias em dicionários sintetizei o que tenho compilado ao longo da vida em relação ao termo racismo. Expresso-o na curta frase: racismo é a repulsa que se tem relativamente a outrem, sem se dar conta que tem. O preconceito, a discriminação, a homofobia, a segregação, etc. ficam nos bastidores do foro íntimo a fomentar silenciosamente o abominável racismo.
De que forma e quando o racismo é manifestado? Muitos dirão que não, mas quando o que se vê pela frente (exemplo a seguir) incomoda ou causa reprovação ao observador, dentro desse está o racismo. Se a cor da pele de um jogador de futebol mexe tanto com alguém a ponto de o atleta receber o sonoro brado coletiv ma-ca-co!!!!, aí está o racismo. Os que se dizem não ser racistas usando meias palavras acham que não.
A torcedora gremista, Patrícia Moreira, foi flagrada gritando a palavra macaco dirigida ao goleiro santista Aranha no jogo Grêmio x Santos. Tudo ocorreu no dia 28/08/2014 e o palco da ofensa foi a Arena do Grêmio, situada em Porto Alegre. Aquela jovem não poderia ter sido mais infeliz quando foi filmada em close. Há os escolhidos para certas missões e Patrícia já está na história.
Perguntarão o porquê desta minha posição e respondo com a repergunta: não bastaram os 126 anos passados da abolição da escravatura? Muitos se jactam em brancos, mas se recusam a percorrer o caminho inverso da genética e voltar aos ancestrais. Disse Getúlio Vargas: - “Fatalmente chegarão à senzala ou à selva”. E ratificou ex-senador Antônio Carlos Magalhães que, apesar dos olhos azuis, jamais negou ser afrodescendente: - “Terão lá na origem o negro ou o índio”.
E a ofensora do goleiro Aranha; que tipo de punição deverá receber por ter gritado ma-ca-co? Ela e outros torcedores receberão uma única punição que será contínua, como contínuo é o sentimento de quem sofre discriminação por racismo. A dor agora será em sentido inverso...
Longe de mim, fazer apologia circunstancial com um assunto tão sério. É que o racismo esfola a epiderme, corta a carne e vai à alma. Suas raízes são feito as da tiririca e só há uma fórmula para dizimá-las: educar o ser no berço para não ter que puni-lo depois.
(*) PRESIDENTE DO FÓRUM PERMANENTE DOS ARTICULISTAS DE UBERABA E REGIÃO. MEMBRO DA ACADEMIA DE LETRAS DO TRIÂNGULO MINEIRO