Por motivos óbvios não visitei a nenhum dos comitês
Por motivos óbvios não visitei a nenhum dos comitês ou locais onde se concentraram as decisões de cada um dos nossos candidatos.
Vejo que, diferentemente dos tempos de outrora, as técnicas de hoje são outras e os procedimentos a tomar não perdem a mira das pesquisas. Eu soube que os comitês ficaram movimentados e suas estruturas, visíveis ou não, sem querer deturpar-lhes o significado, pareciam com a de um quartel-general. Poucas empresas de porte poderiam ter o staff de assessoramento e apoio que tiveram aqueles comandos.
Tudo mudou e pouca coisa se parece com as antigas campanhas. Um item, entretanto, não muda e pelo que vejo vai atravessar os tempos: são os grupos que se dizem desinteressados em benesses. É impressionante ver o quanto esses desinteressados vestem a camisa, se expõem, “vendem” a imagem do candidato e até brigam por ele. Se estivessem na iniciativa privada o sucesso da empresa estaria garantido.
Há, todavia, um detalhe: Ontem correligionários faziam tudo pelo candidato a que serviam, hoje não. Passadas as eleições as coisas mudam. É como se saíssem de um velório e fossem a uma festa. Festa do candidato vencedor.
Não me reprovem antes de constatar. Não são, mas tudo se passa como se fossem mandarovás acomodados na folha de laranjeira. Mexem-se apenas para se ajeitar. Quando muito trocam de lugar e o sono é profundo durante quatro anos.
São os mesmos de sempre e há anos não renovam o perfil: Populares, falantes, robustos, pele fina, confiáveis, estão em todas e se dizem amantes do trabalho. Há exceções reconheço, mas são raríssimas. Eis aí o ASPONE.
O difícil para o candidato é ter a certeza de que alguns reais a mais ou uma promessa diferente não teriam comprado o passe do seu escudeiro. Encontrei três “cabos” que vestiram a camisa de um candidato e votaram em noutro.
A agitação dos "assessores para tudo" foi ao ápice com as eleições. A família, os horários para as refeições e de dormir foram para o espaço. Agora, tudo volta a ser como dantes no quartel de Abrantes. Ganhadores e perdedores são aliados.
Com pessoas próximas comentei que estava escrevendo este texto. Elas acharam sugestiva a comparação do ASPONE (Assessor de P. Nenhuma) com o mandarová na folha. Um amigo até carregou na dose: - Se a folha secar vai haver desequilíbrio ecológico.
OBS: Este texto fora antes publicado nesta página logo após as eleições de 2000. Eh..., passaram-se 12 anos e as coisas não mudaram...
(*) Presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro