Conforme prometi a mim mesmo, não vou mais comentar sobre os erros ou acertos dos árbitros na última rodada do Brasileirão. Faz parte do passado; já tem gente demais falando disso e, além do mais, o que eu disser aqui não vai mudar nada. Os cruzeirenses sempre vão achar que não foi pênalti em cima do Ronaldo. Os corintianos, por sua vez e no seu direito de torcedores, juram de pé junto que foi pênalti e não há o que discutir.
Há sim. Há o que discutir. Aliás, uma das graças do futebol é a discussão –saudável – entre os torcedores. O bom é poder tirar onda com a cara do outro no final do jogo e na segunda-feira seguinte ao jogo. O bom é provocar o adversário e, quando possível, tentar convencê-lo a trocar de time.
O que penso é que, conforme andei devaneando, o futebol precisa ser um pouco menos burocrático. Ora, hoje em dia, não pode nada. Não pode fazer firula; não pode fazer cera (traduzind retardar o reinício do jogo, sobretudo, quando se está vencendo); não se pode nem mais simular um pênaltizinho, minha gente!
Essa tal malandragem da qual estou falando não é antiética, como afirmariam alguns. Não é roubar e não é imoral. É usar de artifícios que se conquista durante toda uma vida para tentar conseguir algo a seu favor. É ser boleiro e deixar que o árbitro se vire e decida se a atitude do atleta está ou não correta.
Penso que dar cartão amarelo a um jogador que simula uma falta dentro da área, por exemplo, é cortar o barato da coisa. Ontem, eu ouvi um torcedor, lá no estádio Uberabão, dizendo para o outro que olhasse a boca que o Ronaldo, atacante do Corinthians, fez quando dividiu a bola com o zagueiro cruzeirense, no sábado. "Quando o juiz viu aquela cara, não tinha como não marcar a falta", disse o sábio torcedor, em sua filosofia de arquibancada.
Ponto para nós, que defendemos a boa malandragem!
Outro caso interessante aconteceu aqui mesmo, no nosso futebol Amador, o mais organizado e disputado no interior brasileiro. Marcelo Constâncio, presidente do Sete Colinas, semifinalista da Taça Uberaba e recém-chegado ao Módulo A do Amadorão, contou algumas boas histórias à equipe Pé Quente, da Rádio JM. Uma delas foi interessante. Reza a lenda, que no jogo das quartas-de-final, contra o Atlético, arquirrival do Sete, o técnico adversário teimava em não fazer alterações na equipe, uma vez que o final da partida se aproximava. No entanto, do outro lado, Marcelo gritava: "faça uma substituição aí, por favor, eu quero ganhar o jogo". Resumindo, a insistência foi tanta que, quase no final do jogo, o treinador atleticano decidiu fazer a substituição. Colocou um atleta para bater o pênalti. Nessa hora, entrou o trabalho psicológico de Constâncio. "Obrigado! Ganhamos o jogo!", disse, demonstrando alegria e sinceridade nas palavras. Resultad o atleta que entrou, jogou alguns minutos e, nas cobranças de pênaltis, desperdiçou o seu chute! Sim, o Sete Colinas venceu o jogo... ’Tô falando...