Existem várias situações na vida onde acontecimentos e não acontecimentos podem influir de maneira radical nos seus participantes ou simplesmente comentaristas. As pessoas envolvidas, levadas por sentimentos, assumem posições tão parciais que normalmente condenam aquele que odeiam e querem deletar de suas vidas. Nesta época computadorizada a pressão de um simples botão elimina a pessoa símbolo do ódio do operador – cuja mente conhece apenas o ódio, e nunca outras alternativas, acontecimentos ou pessoas.
A idade e o amadurecimento podem clarear e esclarecer as visões, porém o orgulho humano por vezes isola o ser humano de qualquer pensamento que não seja ódio, ou mentira, ou calúnia: tudo que sirva para esmagar o odiado. Há um trecho clássico na ópera, que canta: “La calúnia e un ventícelo, una aureta assai gentile... que insensibile e sotile, legermente... dolcemente... vai se insinuar como verdade a liquidar com a pessoa vítima do ódio caluniador. Não preciso dar exemplos – a todo instante e momento a calúnia injeta seu veneno onde lhe interessa destruir. Profissão diária, vocês podem ler e sentir na consulta dos jornais, rádio, televisão... e rodas sociais ou familiares o seu veneno. Interessante um ponto forte nos maldizentes caluniadores: espalham seu veneno através outras pessoas e fatos forjados ou invisíveis. Não tem culpa, ouvi dizer... ou alguém me contou, esqueci quem foi... Assim nasce e cresce a maledicência. Como ainda diz a ópera: como “um golpe di canone!”. Os espíritos sadios, desarmados, não engolem a maledicência: passam rápido, jogam-na na cesta de lixo. Porém, e isto é o que agrava este mal: por razões pessoais, ódios, interesses ou mentes interessadas, a calúnia circula, tem sempre gente interessada em acreditá-la e passar adiante. Ainda na ópera, que é lição nas vidas: Otelo matou Desdemona inocente, por acreditar na calúnia... Finalmente, o meu pesar... a mentira e a calúnia não vão desaparecer. Existem muitas razões para este sofrer – o pior é que muita gente não acredita no bem eventual, mas adora o mal constante.
