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Minas Gerais novamente

Mineiro é assim e pronto. Quem quer que a coisa desça goela abaixo não o chame ao evento

Gilberto Caixeta
gilcaixeta@terra.com.br
Publicado em 28/09/2010 às 19:50Atualizado em 20/12/2022 às 04:07
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Mineiro é assim e pronto. Quem quer que a coisa desça goela abaixo não o chame ao evento. Ele, além de não aceitar, não comparecerá ao ato inibidor. Agora, se quiserem uma prosa, chame um mineiro, porém, tenha paciência com o seu silêncio até ele começar a falar.

Minas tem tradições, não aquelas que emperram a modernidade, mas quem as mantém pelo pensar, fazendo. Minas é assim e pronto, independe de qual região o mineiro esteja. O que pode variar são os sotaques, mas a sua lógica do pensar permanece a mesma. Seja quando está próximo da capital ou das cidades polos, seja interiorizado entre montanhas. Se estiver exposto ao sol ao longo dos rios, ou no cerrado, o seu jeito de ser é marcadamente o de ser mineiro. Há no mineiro um talento à resistência quando o outro o quer subjugado ao seu querer.

Minas Gerais mostra que não se deve dar a quem quer demais e que não é razoável submeter-se à lógica da interferência pelo gosto alheio da imposição. Mineiro não aceita chantagem, imposição e não se intimida com ameaças. Não vive de joelhos e nem é tocado a empurrão.

As próximas eleições, neste domingo, serão calmas e tranquilas, em todos os níveis. No entanto, o posterior não se pode dizer o mesmo. A política de calmaria assemelha-se ao consenso impositivo duvidoso, que, equivocadamente, quer o governo federal.

O Estado democrático é do embate na legalidade, percorrendo os estratos sociais. Para se ter uma ideia disso, antes de 2010, os setores populares viam o atual governo federal com certa desconfiança, até que a classe média rompeu essa barreira e desnudou a possibilidade de mudanças estruturais. Agora é o inverso da moeda, os setores populares e os cooptados se renderam à lógica do governo por não terem o contraponto histórico da oposição. Os setores radicais de esquerda não se mostraram a que vieram e a direita murchou na ausência de propostas. Abriu-se espaço, assim, ao populismo, cuja preocupação se difere do estadista por querer o agora e o já olhando, unicamente, as eleições.

Mesmo que os setores de classe média tenham se desvencilhado do discurso do atual governo federal, os setores populista e paternalista orbitam na esfera federal, levando-os a crer no continuísmo sem rupturas políticas. Levando o governo federal a pensar que pode conduzir o processo eleitoral sob a ótica de popularidade, impondo nomes e ameaçando os eleitores.

O povo dá, mas não entrega tudo. Todavia, tem uma capacidade de se estreitar e de se distanciar proporcional ao envolvimento daqueles que se propõem a representá-lo, seja pelo populismo ou pelo estadismo.

Em Minas, tudo indica que os Mineiros não se submeterão à lógica da vontade pessoal do presidente em detrimento ao conteúdo. Sabemos distinguir na democracia as práticas autoritárias, que a própria história já demonstrou que não são saudáveis. Nós, mineiros, caminharemos pelas ruas de nossas cidades rumo à urna eletrônica com a consciência de que não nos submetemos à altivez e nem à imposição, mas somos sabedores de que a história não acabou e nem começou, como quis impor o governo federal.

(*) professor

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