A pessoa humana tem uma dignidade adquirida já no seio materno e aperfeiçoada no transcorrer da vida temporal. Ela está presente desde a concepção até o momento da morte, que deve ser de forma natural. É uma realidade naturalmente presente nos vários aspectos históricos da pessoa, como direito natural de viver, de ter saúde física, mental, espiritual e o necessário para ser feliz.
Mesmo com essas possibilidades concedidas na criação, não se pode descartar as carências humanas emanadas da cultura, que interferem e desumanizam. Isto significa que o ser humano está em permanente estado de construção, com seu próprio esforço e com a missão de humanizar aqueles que o cercam. Aqui falamos da missão do cristão como agente anunciador da
Palavra que humaniza.
Tudo que chamamos de História da Salvação, presente no Antigo e no Novo Testamento, com a atuação dos profetas, dos reis, dos anciãos, como as normativas dos Mandamentos do Decálogo, a ação de Jesus, dos Apóstolos, etc., teve o objetivo de humanizar para divinizar. Essa é também a missão da Igreja hoje, convocada para ser guardiã da mensagem de Jesus Cristo para as novas gerações.
Chegamos ao final do Ano Litúrgico. Temos a marca de uma quase pós-pandemia do coronavírus, quando as comunidades cristãs retomam e voltam para sua normalidade, mesmo de forma ainda acanhada. Os acontecimentos de fim de ano devem provocar novos ânimos e o desejo de uma vida nova. Mas tudo supõe exercício e cumprimento da missão que cada um tem como cristão e cidadão.
A Festa de Cristo Rei, que marca o final do Ano Litúrgico, mostra a primazia e a divindade de Jesus Cristo como Rei e Senhor de todo o universo. Em Jesus Deus revela sua plenitude e seu poder ao cumprir uma missão libertadora no meio do povo. É o divino que se encarnou e se tornou humano na história dos povos para elevar as pessoas a uma condição de semelhança com Deus.
Jesus é o Rei dos judeus, mas que se identifica com o mais simples das pessoas. Não é rei de patentes, de roupas bonitas e de marca. É o Servo sofredor, que assumiu as fraquezas da humanidade por colocar toda sua autoridade a serviço da ternura e da vida. Tem uma lógica de poder diferente daquela de nossos tempos. Ele nos motiva a rever os valores que contam em nossa vida.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba