Dia 24 de Outubro de 1983 - Cerca de cinco mil pessoas depredam a estação de trem Ermelino Matarazzo, na zona leste de São Paulo, por causa de um atraso de 26 minutos. Estamos em 2013 e pelo jeito nada se fez diferente para conter a indiferença de quem deveria estar pensando no bem-estar dos que deslocam pela cidade. Alguns ainda creem que mobilidade se faz com quebra-molas. A Cartilha de Mobilidade Urbana, organizada pelo Ministério das Cidades, “define mobilidade urbana como atributo das cidades no que se refere à facilidade de deslocamento de pessoas e bens dentro do espaço urbano”. Não longe de tal definição mobilidade urbana é a liberdade de deslocamentos de pessoas e bens a todas as atividades essenciais das cidades. E, portanto, é preciso um conjunto de ações para compor esse todo. O trânsito – deslocamento - em Uberaba melhorou e muito em sua sinalização, a mobilidade ainda deixa a desejar. Continuo pensando o que vão fazer com aqueles bobes ao longo da Avenida Leopoldino de Oliveira. Fico a observá-los, penso na travessia dos pedestres, nas paradas dos ônibus, no deslocamento dos usuários ao longo da trilha da avenida até chegarem a faixa de pedestre para a sua travessia no sinaleiro. Ou se terá faixas de pedestres ao longo da avenida para uma segura travessia. Isto é uma questão de mobilidade e importante, assim, como a prestação de serviços de transportes realizados pelo público e pelo privado. O deslocamento humano se faz por necessidade e espontaneamente. Deslocamos para o trabalho, lazer, saúde, educação, compras ou simplesmente porque queremos deslocar, como se fosse uma forma prazerosa de olhar a cidade que se vive. Gerando assim diferentes formas de deslocamento; de lambreta, bicicleta, ônibus, de skate, de metro, carro, a pé e por ai vai. A questão da mobilidade urbana é como equalizar todas as formas de deslocamento. É viabilizar o entretenimento e o trabalho. É possibilitar à bicicleta e o ônibus, de tal sorte que um não seja o suicido do outro. Portanto, é preciso estudar a relação existente entre os modos de locomoção avaliando as vantagens e desvantagens que cada um tem dentro da sociedade e desenvolver novas tecnologias para suprir a “carência que existe e promover um melhor sistema de transporte de pessoas e bens”. Que é um principio democrático do ir e vir. Mas é também reveladora das relações sociais, traduz o tipo de sociedade que se quer viver. Ciclovias para bicicletas, elas não podem deslocar simplesmente pelo passeio, na contra mão do fluxo de carros, e o mesmo se diz das regras para ônibus e vans. É preciso, portanto pensar novas estratégias para o transito e o transporte em contraposição ao pensamento individualista. Ciclovias não cortam avenidas colocando os ciclistas em faixa de risco. O transporte público e a sua articulação com a sociedade é reveladora do nível das relações entre o público e privado no tratamento coletivo. Por fim, é impossível pensar em mobilidade urbana sem pensar nas ruas, calçadas, ciclovias, transporte público e privado. São as estruturas vitais da cidade.