ARTICULISTAS

Movimentos sem-terras

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 14/10/2009 às 21:04Atualizado em 20/12/2022 às 10:06
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Desculpem-me os leitores que irão ficar raivosos ou decepcionados. Acontece que de vez em quando eu também fico raivoso e decepcionado, e solto os cachorros. Afinal, eu também sou brasileiro!... Vamos lá. Esta foi mais uma semana do MST. Invadiram e arrebentaram a fazenda de laranjas da Cutrale, que nem é longe daqui. Fotografias suficientes mostraram tratores arrebentados e plantações destruídas. Tudo igual, mostraram os “sem terra” saindo com suas bandeiras vermelhas, foice e martelo, saudáveis e sorridentes, uma gordona deve ser ótima cozinheira de galinhas alheias. O transporte de entrada é pelo MST, o de saída o governo mesmo cuida. As reportagens, via imprensa e televisão nem precisavam aparecer, aquilo é um replay de todos. Agora, e mais uma vez: o que me enche o saco é acompanhar os sábios comentaristas do episódio. Na Folha de São Paulo e na Veja surgiram comentários bilaterais, como a imprensa sempre fala. Tem uns caras que estão desconfiados e cheios desta palhaçada oficial, e já estão marretando. E tem uns jovens universitários dos temas sociais que batem palmas: muito bem, é isto mesmo, pau nos latifundiários e exploradores, misturem com o aquecimento global e destruições da flora e fauna – é a turma do Minc Leão Dourado, que ama e quer proteger nos bares de Ipanema! Não sei, mas desconheço país civilizado onde um movimento deste vive por vinte anos ou mais. Ou resolvem o movimento, ou mudam o incompetente governo. Aqui não, minha gente. Os MSTs têm que continuar, ali estão os votos do governo que os sustenta e promove. São oficializados, ONGs estrangeiras e imbecis lhes enviam dinheiro, o governo ignorante não apura nem investiga resultados, os bilhões gastos nem fixam o “campesino pobre” nem produzem resultados na produção de alimentos, de saúde ou de educação. A orgia prossegue, super-subsidiada e mentirosa: meu amigo, você já visitou um “assentamento” do início até o seu quinto ano? Tem aqui pertinho, companheiro, cito só três de exempl um é entre Sacramento e Araxá, já teve sua fama com kombis, escola e carretas... hoje zerou. Ali no Campo Florido, onde era a fazenda do dr. Álvaro Cançado, vale uma visita – ver quem do início ainda mora lá e produz, a madeira dos currais vendida, o grupo que já caiu fora e vendeu “o seu que não era seu”. Pertinho, nas nascentes do meu Rio do Peixe, um loteamento que inclusive recebeu uma vaca para cada “assentado”, e venderam como carne, perguntem ao nosso prefeito do Veríssimo, o Luizinho do Doca. Olha, meu amigo, eu não falo nem escrevo sem conhecimento. Com sócios capitalistas, abrimos uns milhares de hectares no Guaporé, há mais de vinte anos, para criar nosso gado registrado e vender touros de qualidade. Fomos invadidos só sete vezes, na última o governador disse que não ia mais tirar os invasores, era ano eleitoral, sabe, né? Assisti matarem meus dois vaqueiros, fotografei no açougue de Pontes Lacerda couros de minhas vacas registradas com a marca da ABCZ... e voltei pra nunca mais. Vocês, que me lêem, sabem que gosto de encerrar contando piada ou graça. Pergunto, meu amig é possível?

(*) médico e pecuarista

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