ARTICULISTAS

Mudar de mentalidade

Vivemos um cenário de crise geral no Brasil, que afeta a todas as pessoas. Ela é provocada

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 23/06/2018 às 21:11Atualizado em 17/12/2022 às 10:53
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Vivemos um cenário de crise geral no Brasil, que afeta a todas as pessoas. Ela é provocada por falta de confiança, pela corrupção, chegando mesmo a uma podridão. A ideia é levar vantagem em tudo. Ao falar de mudança de mentalidade, qual será a reação do povo diante das próximas eleições? Deixar de votar ou anular o voto, isso não anula uma eleição e favorece os carreiristas.

Para uma pessoa mudar de mentalidade com o objetivo de construir uma sociedade diferente, ela terá que fazer um sério compromisso com a prática da verdade e agir com fidelidade. É o que mais falta no momento, porque não se olha para a realidade com os olhos de Deus. A crítica dos profetas ao sistema reinante de seus tempos era justamente isso, a perda da dimensão divina das coisas.

Houve um tempo em que apareceu João Batista anunciando uma mudança de mentalidade na história. Era uma voz que soava nos ouvidos do povo hebreu e pedia que houvesse transformação da sociedade. Ele preparava a chegada de novos ares, aquilo que precisa acontecer com o Brasil e com a sociedade em geral. João anunciava a chegada de Jesus Cristo para construir um novo tempo.

O nascimento de Jesus Cristo, anunciado por João Batista, era para a chegada do brilho de uma luz de libertação, mas para isso acontecer havia exigência de conversão, mudança de atitude, coragem para sair da zona de conforto e enfrentar o abandono da hipocrisia. Não é tão fácil mudar de mentalidade porque isso supõe perder privilégios, mordomias, e abrir mão de acúmulos desnecessários.

A centralidade da vida das pessoas está em Deus e não nos bens materiais. Na terra tudo passa, mas todos devem fazer de tudo para viver mais tempo, mas centrar sua vida naquilo que realmente possibilitará um futuro de eternidade. Essa realidade não é comprada com dinheiro e nem com práticas cristãs de curas interesseiras, mas no compromisso de fidelidade e de bom relacionamento comunitário.

Falamos hoje ser muito importante a mudança de vida e de mentalidade. Mas não basta querer que as coisas fossem diferentes. Há necessidade de a pessoa deixar-se mudar para depois provocar a mudança do outro e do mundo. A tarefa começa em casa, no cuidado com a gente mesmo, que começa de dentro para atingir realidades que são influenciadas pelo nosso próprio agir na sociedade.

(*) Arcebispo de Uberaba

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