Há uma febre de criação doméstica de gatos e cachorros, principalmente nas grandes cidades. Quem é criança quer um cachorro e na velhice também. Cachorro – e outros animais domesticados – são boas companhias, mas, como na vida, há aqueles que vivem pelas ruas à espera de um lixo gostoso pra cachorro. Ou quem possa alimentá-los. Existem animais que são servidos às experiências, promovendo avanços nas diversas áreas do conhecimento. Tanto esses, como aqueles, precisamos de parâmetros para com o seu trato. A questão não é a supressão, e sim termos um conjunto de normas que viabilizem os tratos.
Lemos na imprensa local a aprovação, pela Câmara Municipal de Uberaba, de matéria de lei do Executivo aprovando a liberação de emendas de vereadores destinadas às entidades de interesse público. Entre essas entidades está a Associação Uberabense de Proteção aos Animais – leiam-se cachorros. Lamentável que não haja um debate voltado aos gatos, cavalos, vacas e bodes... E nem há preocupação com os pombos, maritacas, formigas e caramujos africanos... A questão é mais pra cachorros.
Quem é contra o uso de ratos e cachorros em pesquisas deve pensar antes de usar qualquer medicamento ou cosméticos oriundos dessas pesquisas, sem que isso signifique que os maus-tratos devam prevalecer. Muito ao contrário, é preciso que eles não sofram qualquer tipo de tortura, como não deve existir também nas Universidades de Medicina. No entanto, não é possível pensar em futuros veterinários, zootecnistas ou similares se saboreando com os maus-tratos a animais e dissecações de corpos de animais ainda vivos. Prefiro acreditar que seja folclore, senão o mundo está pior. Isso não significa eximi-las de responsabilidades legais e morais. A criação de animais domésticos deve ser regulamentada por parâmetros sociais, porque não é possível conviver com aqueles que acreditam que seus cachorros são melhores que o ser humano e que eles podem tudo, e nada para o outro. Fico vendo cachorrinhos em colos ao volante de carros de seus donos, outros passeando sem focinheira, defecando e urinando em calçadas alheias sem o menor pudor de seus donos e sem recolhimento das fezes de seus animais.
Querem o cachorro vestido como criança, cuidados com luxo merecedores, andando dentro de shoppings e mercados no colo de seus donos. É preciso estabelecer parâmetros. O seu cachorro não é meu e não podem imputar a nós o compromisso da convivência igual ao carinho do dono. Mas podemos entender o direito de tê-lo. Donos de cachorros não devem sair com os seus animais pelas ruas da cidade sem nenhum compromisso coletivo, ou andar com eles frequentando os mesmos lugares públicos. A sociedade uberabense elegeu uma representante deste setor como vereadora, e ela tem a obrigação moral não só de recolher animais abandonados, mas de discutir o tema de forma ampla e consequente, justificando não só a emenda financeira para a associação protetora dos animais, mas como resposta àqueles que acreditaram em seu tema de campanha.