Na crônica anterior, apresentei aos meus leitores alguns exemplos da evolução dos tempos modernos em torno do mundo das drogas. Peguei leve, em torno de situações
Na crônica anterior, apresentei aos meus leitores alguns exemplos da evolução dos tempos modernos em torno do mundo das drogas. Peguei leve, em torno de situações que eu mesmo conheci pela minha vida na profissão médica – no meu caso, interiorana. Nos morros e metrópoles os horrores publicados e documentados são muito piores e dramáticos, envolvem crueldades, violências, corrupções políticas e financeiras, um submundo crescente e ameaçador. Em curto prazo – já iniciado – nenhuma família ou pessoa estará protegida das drogas. Por curiosa semelhança, vi um filme americano sobre a lei seca, ali pelos anos 30, portanto, há cerca de oitenta anos passados. A droga da época eram as bebidas alcoólicas, proibidas e punidas por lei nos EUA. O que aconteceu em torno dos crimes é exatamente o que está acontecendo atualmente. Apenas, por incompetência ou bom senso, o governo desistiu da proibição ridícula e criminosa, liberou as bebidas, punindo apenas os excessos e suas consequências. Como resultado está o que assistimos até hoje: a criminologia violenta foi drasticamente reduzida, desapareceram os traficantes e suas quadrilhas assassinas, a polícia não precisa mais daquela guerra de assassinatos entre os donos dos pontos, donos e abastecedores. Bebe quem quer (aqui também) e vai curtir cadeia quem exagerar ou criminalizar. Entrando nos tempos modernos do Brasil e mundo, apresento uma situação parecida, de onde nasceu a droga da minha ideia. Vejam se não é verdade: não conheço família onde não existam os dependentes das drogas psicotrópicas. Pra tratar epilepsia, depressão, angústia, pânico, insônia e o capeta a quatr estão os medicamentos modernos, que os médicos conhecem e receitam com resultados benéficos para seus doentes... e a sociedade. Diferença essencial com o álcool liberad estes medicamentos estão numa lista de controle das autoridades da saúde. Exigem, para o usuário, uma receita colorida especial, notificada e controlada, assinada pelo seu médico. Chego rápido e por aí à ideia de combate às drogas. Entendam combate, não eliminação, porque isto vai sobreviver algum tempo e desaparecer porque o crime não mais receberá seu dinheiro sujo e corruptor. O que eu penso, e atrevidamente proponho ao estudo das nossas autoridades não corruptas ou participantes: equiparar drogas aos psicotrópicos atuais. No caso, o governo será o único produtor ou depositário das drogas e sua diversidade, armazenadas em farmácias estatais determinadas, vendidas por preço irrisório aos usuários (adeus, traficantes!). Para comprá-la o usuário busca o médico da saúde pública específica, declara-se usuário de tal droga e é cadastrado. Recebe a receita com a dosagem por tempo determinado, computadores registram seus dados em nível de intercomunicação nacional, impedindo naquele prazo novas compras em outras farmácias especializadas. Qualquer usuário estará livre para esta situação que assume – porém estará sujeito a penalidades legais se extrapolar-se via traficantes ou outras corrupções, inclusive atividades de criminologia das drogas. A sociedade vai conviver com os drogados (já não convive?), mas vai conhecê-los e prevenir-se. Os drogados “legalizados” poderão gozar uma vida livre e barata, talvez até abandoná-la por vergonha pública e para assumirem novos rumos. Os outros... bem, estes estarão inscritos como perigo social e suas consequências. Muito simples esta ideia, vão pensar – sobretudo aqueles que se interessam em manter segredo e riqueza a atividade atual. Vale pensar nisto? Olha aí, gente, Dillinger e seus asseclas foram eliminados nos Estados Unidos...
(*) médico e pecuarista