Mãos à obra: faxina e manutenão será feita por torcedores
É pau, é pedra, é o fim do caminho... Opa. Aperte stop e volte a música. Pois, se depender da torcida do Uberaba Sport, o estádio Boulanger Pucci não fica mais jogado, à mercê das intempéries climáticas e da falta de zelo dos responsáveis por cuidar do local. Há pouco mais de uma semana, um grupo de Torcedores decidiu – ao invés de ficar só reclamando – fazer uma faxina na casa. Resultad o que se vê, dá gosto. Ações simples, como limpar a sujeira acumulada embaixo de árvores e naqueles cantinhos onde a vassoura nunca alcança, fazer emendas nos assentos das arquibancadas – ou no que resta delas – uma ou duas mãos de cal com colorante vermelho, é claro, e a aparência de BP é outra. Confesso ter ficado abismado e intrigado pelas razões disso não ter sido feito antes por aqueles ditos responsáveis pelo estádio. No entanto, maior do que tais questionamentos foi alegria evidente nos olhos daqueles Torcedores, doando seu tempo, seu trabalho e até parte de suas economias para o clube. Tudo isso feito por conta da paixão pelo Uberaba Sport Club. Um deles chegou a me dizer que ser Torcedor é ir ao estádio gritar, xingar, vibrar, roer unhas, lamentar uma derrota ou festejar uma vitória. Mas, ser Torcedor, para ele, é também fazer parte do dia-a-dia do clube. Se for possível ajudar de forma efetiva, melhor ainda. Falou e disse. Naquele instante lembrei-me da “vaquinha” feita por eles para pagar os salários de um possível reforço para a próxima temporada. Claro, existem também aqueles vândalos, que, erroneamente, se denominam torcedores, que perdem seu tempo pichando muros para ofender dirigentes ou jogadores. Quanto a eles, só posso lamentar e, se é que eles me escutam, pedir para não mais fazerem isso. Garanto que não gostariam se alguém fizesse o mesmo em suas casas... Mas, falando de torcedores, além da admirável e digna de cópia atitude dos torcedores colorados, temos outros exemplos de fiéis torcedores e suas paixões pelos clubes de coração. A torcida do Vasco da Gama, recém-rebaixado para a Série B do Brasileirão, deu exemplo. Salvo algumas exceções, apoiou o time até o final. Xingou-se? É claro. Xingar e cobrar também faz parte deste ofício. Mas, no final, lá estavam eles. Chorando e declarando amor eterno a este grande clube do esporte nacional. O mesmo exemplo foi dado pela Fiel Corintiana em 2007, quando o alvinegro do Parque São Jorge, depois de uma campanha melancólica, sucumbiu e caiu para a Segundona. Choraram, xingaram, aplaudiram e, o mais importante, estiveram com o time em todas as partidas da fantástica campanha que culminou com o título da Série B e o retorno à Primeirona. O Grêmio, que se auto-denomina campeão moral deste último Campeonato Brasileiro, vencido pelo São Paulo, pode comemorar o fato de ter uma das torcidas mais apaixonadas do mundo. Foi de arrepiar ver a massa tricolor aplaudindo e cantando com o time a “conquista” do Vice-Campeonato Brasileiro. Até no Amadorão de Uberaba é possível ver estes Torcedores – com “T” maiúsculo! Gente que perde as manhãs de domingo ao lado da família para ajudar o time de coração e gente que leva a família para apoiar o time. Dona-de-casa, depois de uma semana inteira dedicada aos serviços domésticos, arrumando tempo para lavar os uniformes dos jogadores ou fazendo aquela galinhada deliciosa após os jogos. É... percebi. Não basta ser torcedor, declarar amor, cantar hino inteiro, lembrar escalação de mil novecentos e bolinha, se na hora de apoiar – termo utilizado no dicionário para definir o ato de torcer – ele não está lá. É preciso ser, de fato, TORCEDOR!