ARTICULISTAS

Não foi por isso

Enganam-se aqueles que julgam que os animais entre eles não conversam

Manoel Therezo
Publicado em 24/07/2011 às 15:12Atualizado em 17/12/2022 às 07:23
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Enganam-se aqueles que julgam que os animais entre eles não conversam, não se entendem uns aos outros. Enganam-se também, aqueles que pensam que os animais não são capazes de sentir nas suas intensidades, certos acontecimentos como nós os sentimos. Quem pensa por certo, que em algumas vezes um pássaro no seu piar, não esteja procurando alguma coisa, também se equivoca profundamente.

Todos, com as suas características, vivem no seu mundo conversando e sentindo também como nós, os seus tristes e alegres momentos. Quem nunca atentou para os constantes miados de um gato que entristecido, chora a seu modo, o seu filhote desaparecido? Quem nunca prestou atenção no cacarejar daquela cuidadosa galinha chamando os seus pintinhos para a comida encontrada?

Os estudos do “Comportamento animal” afirmam que os macacos emitem aos outros distraídos, ruídos plenamente diferentes quando percebem grandes perigos. Também que os golfinhos são capazes da emissão de ruídos diversos, o que constitui definitivamente um sistema de comunicação.

Quem nunca deu importância merecida a isso, apenas vive no seu mundo. Mas  há além do seu, outros espaços onde tudo é compreendido e, quem sabe até, melhor do que nós no nosso. Um belíssimo exemplo que me reforça a não olvidar que eles também sentem, vem de um fato que ao recordá-lo me faz doloridamente o coração chorar porque, quando a saudade não quer, não há passado que passe.  

O nosso irmão possuia dois cachorros. O “Bareta e a kika”.

Aqueles animais lhes constituiam uma adoração. Surpreendentemente, faleceu o  nosso irmão. Juntaram-se eles, ao nosso triste momento. Aquietados rejeitavam os alimentos. Também pareciam morrer de saudade. Se por qualquer razão o nome daquele irmão fosse pronunciado e eles ouvissem, espantosamente se levantavam tropeçando os passos, radiantes de alegria. Depois, reconhecendo não ser aquilo que pensavam, voltavam e em seguida, latiam num tom expressivo de saudade. Depois disso, fosse quem fosse que por lá chegasse, sequer abriam os olhos.

Dias depois, morreu o “Bareta.” Logo em seguida, a “Kika.”

— Eram velhos?        

— Não eram velhos.                

Não foi por isso que aqueles dois cachorros morreram.            

                                                                                                                                         

(*) Odontólogo; ex.professor universitário (Odonto-Uniube)

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