Não seja um demônio na vida do outro

Perdoar não é apenas uma virtude. É uma arte. A mais difícil de todas as artes. O “outro” nos faz sofrer muito. Parece, às vezes, que a verdade está mesmo com Sartre: “O inferno são os outros” (L’enfer sont les autres). O inferno não está do outro lado. Na dimensão da eternidade não há tempo nem lugar. O tão caluniado demônio não é um espírito que está ao redor de nós e nos tira do caminho da virtude. Ele é de carne e osso. Está em toda parte. Em todos os ambientes. Se por um lado ele nos sugere coisas muito dignas de um cristão, por outro lado ele nos irrita e nos tira a paz interior. O que nos faz mais felizes na terra é a paz. Pois bem, é justamente “ele” (de carne e osso) que perturba nosso espírito. Ele põe maldade no que dizemos com reta intenção. Ele joga uns contra os outros. É ele que torce nossas palavras. Confunde alhos com bugalhos. Não suporta o bem-estar dos outros. Seus acertos o irritam. Sente dor quando elogiam alguém ao seu lado. Ele estraga seus momentos felizes. Ele é chamado de “o Maligno”. Outros o chamam de Satanás.

O mundo está cheio dessa gente maligna. Há alguns ao nosso lado. Chegam até a fingir de amigos.

Mas, o pior, o mais triste, o mais terrível é que eu posso ser um demônio na vida dos outros. Com minha falta de compreensão, com minha incapacidade de perdoar. Com minha intolerância. Com meus comentários maldosos. Com minha falta de compaixão. Com minhas injustiças. Com minha falta de amor. Quando interpreto mal os atos dos outros, eu me torno um demônio em suas vidas, eu estou roubando a paz que está no coração do outro. Posso criar um inferno na vida dele.

Muitas vezes uma reflexão me corta por dentr Qual meu significado na vida de meu irmão? Anjo ou demônio?