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...Na boca do istamo...

Mais mudando de conversa do concreto pro guatambu. Você já sentiu de perto a peleja do cafuçu?

João Eurípedes Sabino
forumarticulistas@hotmail.com
Publicado em 25/02/2011 às 20:31Atualizado em 20/12/2022 às 01:29
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“Mais mudando de conversa do concreto pro guatambu. Você já sentiu de perto a peleja do cafuçu? Eh... é aquele que vive lá no mato, que lhe sustenta e permite que você escolha o seu menu.” Eis a bela exaltação do artista Miguel Carlos ao sofrido homem do campo, na música de sua autoria: “Eu não tenho nada com isso; estou só falando...”

Assistimos dia desses em Uberaba a um verdadeiro soco na boca do “istamo” do pequeno produtor rural. Com a truculência cassaram-lhe a voz e o direito de fazer com as próprias mãos o nosso secular queijo mineiro, a pretexto de que o produto oferece riscos ao consumidor, se não estiver embalado e refrigerado. De meu saudoso e viajado pai sempre ouvi: “Meu filho, na estrada, coma queijo porque ele nunca faz mal a ninguém. As outras comidas estragam fáceis e ele não.” Recuso-me a admitir que o produto, marca registrada do povo mineiro em qualquer parte do mundo, depois de não ter feito mal, agora é o portador da maldade.  Dificílimo de entender.

Alto lá, senhores fiscais da lei! Os senhores sabem o que é ter algumas reses, madrugar todos os dias, ordenhá-las, processar o leite com coalho e, com o calor das mãos, fazer um queijo? Pensam saber, mas não sabem. Agora será conhecido o outro lado da questã homens e mulheres de bem são impedidos de trabalhar em suas pequenas propriedades rurais, não nos permitindo fazer o nosso gostoso menu. O gosto vai mudar para pior e a cultura terá um sabor amargo.

Estão confundindo artesanato com coisa clonada. O queijo mineiro da roça, que já fez tantos doutores na cidade, corre o risco de não mais fazê-los... No fundo, os grandes acabarão comprando os pequenos e o melhor queijo do Brasil poderá desaparecer. Absurdo!

Obrigar-nos a comer um produto de gosto insosso é o mesmo que nos tirar a liberdade de ir e vir. Em time que está ganhando não se mexe, e mexeram no meu queijo. É demais!

Milhões de fãs do queijo mineiro, o que devem estar pensando?

(*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

 

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