Se queres conhecer um homem, dê-lhe poder. Essa máxima temos visto ser exercida
“Se queres conhecer um homem, dê-lhe poder.” Essa máxima temos visto ser exercida com maestria mundo afora, entretanto, quero me ater às hostes dos intocáveis que nos julgam.
Ainda no alvorecer de 2018, me exponho para nomear a vaidade e o sonho de um para ficar na história, não importando os meios para se chegar aos fins. Eu seria incoerente nomeando outros, se temos no topo da lista sua excelência o ministro Gilmar Mendes, do STF.
Já disse aqui e repetirei se necessári do excesso de poder a um desatino, a distância a percorrer é menor do que um passo. Isso testemunhamos em relação a Gilmar Mendes. Impressionante é ver o quanto o ministro mato-grossense é refém de sua vaidade e da ânsia de passar para a história. Salta-nos aos olhos a prisão psicológica em que se enclausurou.
Só de tirano não podemos rotulá-lo se, com seus acórdãos, tem mudado destinos de gerações e gerações. Déspota, cruel e impiedoso são adjetivos que lhe atribuem, mas pessoalmente devo poupá-lo por ter a certeza dos ditames futuros da implacável história. Seu currículo é invejável, mas que ninguém inveje sua obra em andamento. Mesmo assim, não lhe desejo o mal.
Decisões contraditas, solturas discutíveis de réus, interpretações “superiores” às de seus pares, suspeições escancaradas, nada, nada disso sensibiliza Gilmar a internar em si mesmo e se perguntar: estou servindo a Deus antes de servir aos homens? Tem Gilmar a convicção de que as leis com as quais julga são pálidos arremedos das Supremas?
Quanto é desagradável constatar nas redes sociais uma autoridade “suprema” ser achincalhada sem dó e levada ao nível de chacota nacional. Hoje entendemos melhor a colisão do então ministro Joaquim Barbosa com Gilmar Mendes, quando aquele sentenciou: “Vossa excelência está destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro. Saia às ruas, ministro!”. Barbosa vaticinou tanto, que nem às ruas Gilmar precisa sair.
Sou do tempo em que o juiz tinha “parte com Deus”. De muitos deles mereci a confiança irrestrita por seguidos quarenta anos para embasar suas sentenças.
Ao ver bons meritíssimos sendo desautorizados por sobrejuízes, como se nessa condição estivessem rindo da honra, me entristeço ao dizer: estou na contramão de tudo o que aprendi.