Na dimensão de uma festa cristã, o nascimento de Jesus nos leva a contemplar o gesto, a determinação histórica e o amor concreto de Deus pela humanidade. Podemos entender que a humanização, ou a encarnação do divino é a consolidação do profetismo de todo o Antigo Testamento. Isto faz coro com a Aliança feita com Abraão, sustentada pelos profetas e, agora, selada no Natal.
Natal sugere exaltação da vida, a elevação do ser humano, com possibilidade de encontro da pessoa com Deus, em Jesus Cristo, feito homem. É a eminência da libertação, da paz, da salvação e de júbilo, mudando a sorte do povo. É mudança de história, não só na vida dos judeus, mas para todo o mundo cristão. Ficou a marca de um passado de figuras e um presente como acontecimento de vida.
Nos dois Testamentos conseguimos enxergar que Deus fala ao mundo de diversos modos, atendo-se às exigências de cada fato histórico. É o que chamamos de “mistério da salvação” na história do mundo. A grande fala de Deus em Jesus Cristo, como sopro divino da Palavra. É a Palavra que se encarnou no seio de uma jovem, por obra do Espírito Santo, e agora deve ser acolhida e escutada.
A Palavra de Deus é uma Pessoa, que completa a obra da criação, com a missão de redimir a humanidade e dar condição para que sejam superadas as ameaças infligidas contra a natureza e contra a vida. O nascimento de Jesus é como sendo uma Palavra que ajuda na passagem da desolação para a consolação, da tristeza para a alegria, do pecado para a intimidade com Deus.
As festas natalinas devem abrir os corações para acolher a chegada do Menino Jesus, a possibilidade da paz, mesmo dentro do clima preocupante do momento brasileiro e ante as hostilidades à fé cristã. O desalento e desespero de muitos pode justificar a perda de fervor dos cristãos nas comunidades. Mas é possível ser diferente ao fazer uma leitura atenta dos sinais que acompanham o Menino Jesus.
No princípio era o Verbo, a Palavra, e o Verbo era Deus. Jesus é o Verbo, que deve ser acolhido como luz iluminadora da vida, orientadora e guia, como a nova lei do amor. Com isto, Natal deve ser celebrado com alegria e gratidão, porque expressa a misericórdia de Deus para com o povo. Jesus é Palavra de referência, que rejeita todo tipo de ameaça destruidora da vida humana, imagem de Deus.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba